Como se tornou uma espécie de nova fórmula nas comédias brasileiras contemporâneas parecer mais o piloto de uma sitcom do canal Multishow do que exatamente um filme, Um dia cinco estrelas não foge à regra. O filme é protagonizado por Estevam Nabote, que já mostrou, em esquetes do Porta dos Fundos, seu excelente potencial para comédia, subaproveitado aqui, num personagem raso e sem situações realmente engraçadas.
Ele interpreta Pedro Paulo, um dono-de-casa que, por força das circunstâncias, é obrigado a colocar seu velho Opala (mais conhecido como Mozão) para correr quando assume o trabalho de motorista de aplicativo. Haveria até certo potencial cômico nessa premissa, uma vez que a quantidade e variedade de pessoas que entram e saem desses carros por dia poderiam ser uma boa fonte de humor.
Ele só aceita esse trabalho porque quer ajudar a mãe (Nany People) a fazer uma viagem a Buenos Aires, uma vez que ela gastou todas suas economias ajudando a consertar o telhado da casa da família do filho. Seu primeiro cliente é um cantor sertanejo famoso (Ed Gama), depois seguem-se outras pessoas, inclusive uma grávida, com seus dois maridos, e que não sabe qual deles é o pai do bebê.
A essa trama, soma-se a história da mulher de Pedro Paulo, Manuela (Aline Campos), funcionária de uma loja de departamento num shopping que espera ser promovida, se fizer boas vendas. É uma subtrama que nunca cola direito com a principal. Pior ainda é a história da mãe do protagonista e sua amiga (Luciene Adami), que vão passar o dia num spa, onde acontecem momentos constrangedores, mas que, em algum lugar, alguém achou engraçados.
Com roteiro de Ricky Hiraoka (Os Parças) e Cris Wersom, e direção de Hsu Chien, tem um grande potencial para série de humor na TV paga. Como televisão, tem potencial em, a cada episódio, trazer um passageiro novo. Como cinema, é pobre em suas escolhas, sem qualquer complexidade na construção das personagens ou das imagens. Cinco estrelas? Só se for no título mesmo.