18/03/2025
Suspense

Muti - Crime e poder

Após encontrar um corpo de uma jovem mutilada e jogada num lago, um detetive de polícia procura ajuda de um professor universitário especializado em Estudos Africanos, para auxiliá-lo a desvendar a identidade do assassino e evitar novos crimes.

post-ex_7
Quase três décadas depois de Seven – Os sete crimes capitais, Morgan Freeman se vê novamente às voltas com um assassino serial sádico em Muti – Crime e poder. Desta vez, no entanto, o ator não interpreta um detetive, mas um professor universitário de antropologia especializado em Estudos Africanos que é procurado pelo FBI, uma vez que as mortes seguem rituais que têm a ver com as matanças muti - também conhecidas como “assassinatos medicamentosos”, nos quais partes do corpo da vítima são usadas para composição de medicamentos caseiros.
 
Com essa premissa, o diretor George Gallo tenta fazer um suspense sombrio e forte com histórias de mutilação conduzidas por um assassino impiedoso, interpretado pelo ex-astro da NFL Vernon Davis. A trama começa na Itália, quando a polícia local encontra um corpo mutilado de uma mulher. O criminoso, Randoku (Davis), é perseguido pela polícia, mas consegue escapar e entra em contato com um misterioso protetor, que o mandará para os EUA.
 
Em Jackson, no Mississippi, vemos o atormentado detetive Lucas Boyd (Cole Hauser), que mata a sangue frio um sequestrador, depois de, com ajuda de sua parceira, Kersh (Murielle Hilaire), libertar a garota que estava no cativeiro. A cena serve para mostrar o estado emocional do personagem, que recentemente perdeu sua filha adolescente, e a culpa recai sobre ele. Na polícia, ele começa a ser investigado pela morte do sujeito, pois diz que foi legítima defesa, mas as circunstâncias deixam dúvidas na corregedoria.
 
Boyd é chamado quando um corpo mutilado é encontrado num lago, e não custa muito outro crime acontece com as mesmas características. É aí que ele procura o professor Mackles (Freeman) para ajudar a compreender o que está acontecendo e, possivelmente, antecipar os futuros passos do criminoso.
 
Para um filme de suspense, Muti – Crime e poder mal consegue manter o clima. A trilha sonora onipresente pouco ajuda, embora tente forçar um atmosfera. O roteiro, assinado por Joe Lemmon, Francesco Cinquemani e Giorgia Iannone, pouco se esforça para criar as relações entre a investigação na Itália e nos EUA, e tudo parece meio gratuito. Pouco plausível também é o fato da polícia deixar na ativa e com uma arma um detetive claramente perturbado emocionalmente.
 
Já o ritual muti é pouco explorado a ponto de fazer sentido. Aparenta ser apenas como uma desculpa superficial, sem qualquer contextualização, a ponto de fazer o filme soar, no limite, como racista. Quando perguntado se matou mesmo o sequestrador, Boyd responde com uma pergunta: “Alguém sente falta de Ted Bundy?”. A pergunta poderia ser reformulada de outra forma: “Alguém sentiria falta de Muti – Crime e poder?”. E a resposta, possivelmente, é não.
post