É irresistível não fazer um trocadilho com o título nacional de Ruim pra cachorro, pois o filme não é ruim apenas para cachorro, mas também para gatos, coelhos, aves e humanos. Esse é mais um exemplar de um tipo de humor escrachado que acha engraçados closes em genitais caninos – às vezes eretos – e diálogos compostos apenas de palavrões.
Há o fato de que os animais são fofinhos, mas suas bocas manipuladas para falar são, no mínimo, bizarras – embora, com o tempo, acabemos nos acostumando com isso, mas, os palavrões, porém, é outra história. Esse é o tipo de coisa que diretores fazem pensando ser transgressor, mas nem é, é apenas grotesco mesmo.
O herói do filme é o pequeno Reggie, um vira-lata odiado por seu dono Doug (Will Forte), que o tomou da ex-namorada apenas para a fazer sofrer, porque ela, sim, amava o animal. Doug é um sujeito sem emprego, que depende dos cheques da mãe para pagar o aluguel e mata seu tempo se masturbando ou se drogando. Para se livrar do cachorro, ele o leva para bem longe e joga uma bola de tênis para o distrair.
Reggie, por sua vez, é ingênuo até a medula, acha que seu nome é Merdinha, pois é assim que Doug o chama, e toma todos os maus-tratos do dono como forma de carinho. É o típico relacionamento abusivo, no qual o abusado é incapaz de ver ou acreditar no que está acontecendo.
Depois de abandonado, Reggie conhece um Boston Terrier chamado Bug, que fala um palavrão atrás do outro e mantém relacionamentos sexuais com um sofá abandonado. Ele também conhece Hunter, um Dogue Alemão, que trabalha numa casa de repouso já que não passou no teste para trabalhar com a polícia, e uma Pastora Australiana, chamada Maggie, que, finalmente, abrem os olhos do protagonista. Revoltado, ele decide que quer arrancar o pênis de Doug como vingança. O filme, então, consiste na viagem do quarteto rumo à casa de Doug, enfrentando percalços pelo caminho.
A trama esdrúxula se completa com as inúmeras referências e closes no pênis de Hunter, e maneiras como cachorros e cachorras podem manter relações sexuais, não apenas uns com os outros – mas também com pernas humanas e objetos. Dirigido por Josh Greenbaum, o filme não consegue ir além dessa obsessão por genitais. Não há nada de realmente bem sacado num filme cujo humor é marcado pela escatologia (a explicação do motivo pelo qual os humanos recolhem fezes dos cães é nojenta). O pior de tudo é ter colocado cachorros e cachorras de verdade nessas situações tão vexatórias. O elenco humano, ao menos, escolheu estar ali.