A Bela América é uma comédia de cores fortes e questões sociais, mas sem nunca entrar a fundo nelas. Lucas (Estêvão Antunes) é um aspirante a cozinheiro, prestes a perder a casa onde mora com a mãe (Custódia Gallego). Ele encontra uma possível aliada em América (São José Correia), uma estrela da televisão e candidata populista à presidência.
Dirigido por António Ferreira, o filme toca em questões sociais urgentes de Portugal, como a crise econômica, e figuras e temas políticos que, possivelmente, não serão reconhecidos em outras terras. Comédia, especialmente uma que se propõe satírica como essa, depende de referenciais – e estas nem sempre são universais.
Lucas resolve que irá conquistar América e, para isso, entra clandestinamente em sua casa e começa a produzir pratos exóticos a fim de prendê-la pelo estômago. A comédia gastronômica ganha ares românticos aqui, pelo viés de um stalker que produz pratos deliciosos para a stalkeada. Improvável e complicado.
Falta alma às personagens, mero estereótipos ambulantes. América é uma política que nunca se insere direito no espectro político, e Lucas e sua mãe são miseráveis de bom coração que se deixam levar por sua miséria – pobres mas felizes ao seu modo. Para uma comédia A Bela América é um tanto frágil em seu humor, que nunca sabe se quer ser um filme divertido ou crítico. Não que sejam coisas excludentes, mas, aqui, nenhuma funciona.