Baseado num filme francês de 1976, seu conterrâneo Meu novo brinquedo tem como protagonista um homem pobre que se submete a ser o brinquedo de um menino rico. É quase um filme sobre como o trabalho análogo à escravidão pode ser considerado fofo, pois o homem pobre tem muito a ensinar à família rica sobre como as coisas simples da vida nem sempre dependem de dinheiro.
O comediante Jamel Debbouze assume o papel desse homem, chamado Sami, que vive de pequenos bicos, é repleto de bom humor e comprometido com as coisas certas. O pequeno e rico Alexandre (Simon Faliu) o flagra dormindo no trabalho numa loja de departamentos e decide que quer comprar esse homem, descendente de marroquinos, diga-se.
Todo o absurdo da situação é manejado de maneira muito leve e cômica, tornando ainda mais surreal esse ponto de partida. Em casa, Alexandre tem dificuldades de relacionamento com o pai, Philippe (Daniel Auteuil), sempre ausente. Será, obviamente, Sami quem ensinará lições sobre a vida e como o dinheiro não traz felicidade – ou qualquer outra bobagem do tipo.
O filme dirigido por James Huth tem uma visão bastante simplista de classe, de como os ricos são apenas vítimas de um sistema corrosivo, e dependem de uma pessoa pobre e de bom coração para lhes abrir os olhos, assim, tudo pode mudar. Essa visão é, ao mesmo tempo, superficial e perigosa, em se tratando de um filme dirigido ao público infantil. As lições que se tira daqui é que todos somos vítimas na mesma medida, ricos ou pobres, franceses ou imigrantes.