14/01/2025
Romance Drama

Vidas passadas

Exibido nos festivais de Sundance e Berlim e indicado a dois Oscar, o drama da estreante Celine Song acompanha o reencontro de dois amigos de infância sul-coreanos (Greta Lee e Teo Yoo) depois de 20 anos sem se ver. No Telecine.

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Indicado aos Oscars de melhor filme e roteiro original, depois de exibido nos festivais de Sundance e Berlim em 2023, Vidas Passadas revelou a diretora estreante Celine Song, demonstrando uma notável habilidade no desenvolvimento de personagens e na fluidez de uma história com forte fundo autobiográfico.

Como sua protagonista, Na Young/Nora (Greta Lee), Celine nasceu na Coreia do Sul e imigrou para os EUA, superando as dificuldades de adaptação, tornando-se dramaturga, tendo deixado para trás um amor platônico de adolescência. No roteiro, que ela também assina, essas características se ampliam para esboçar uma espécie de triângulo amoroso potencial, entre Nora, seu marido norte-americano, Arthur (John Magaro), e esse amor platônico do passado, Huang Sung (Teo Yoo), que um dia vem ao seu encontro.

O filme desdobra com muita habilidade estes sentimentos em suspenso entre Nora e Huang, que tiveram que separar-se com cerca de 13 anos, quando os pais dela resolveram imigrar para o Canadá. Posteriormente, ela enfrentou voluntariamente outra mudança, desta vez para Nova York, a fim de firmar-se como dramaturga.

É esta mulher, muito focada no próprio sucesso profissional, que é procurada pelo Skype pelo antigo amor juvenil, estabelecendo um relacionamento à distância que permite que redescubram afinidades entre si. Mas há circunstâncias que as vidas de ambos, e suas respectivas escolhas, não permitem que ocorra uma resolução tão simples, como o deslocamento de um ou de outro para a Coreia do Sul ou os EUA. E, no meio do caminho, Nora também conhece Arthur, escritor como ela, numa residência artística, e se casa.

Indiscutivelmente, há um toque romântico em tudo isso, mas a história não sucumbe a ele nem mergulha em qualquer pieguice. Até pela experiência da diretora como dramaturga, ela sabe acrescentar muitas nuances a cada um de seus personagens, ampliando a gama de identificação que cada espectador pode encontrar, numa história, afinal, muito universal independente de gênero e raça, como bem pontuou o ator Teo Yoo na coletiva do filme em Berlim. 

O título do filme, Vidas Passadas, faz referência a uma noção mística coreana de que as afinidades entre as pessoas decorrem de encontros em vidas anteriores, o que é tratado como um vago elemento mágico, que soma atmosfera a um filme cheio desses detalhes - sem deixar de ser profundamente humano.

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