Vidente por acidente é mais uma daquelas comédias que, por descuido, acabam escapando para o cinema, quando, na verdade, deveriam ir direto para um canal de streaming mesmo. Dirigido por Rodrigo Van Der Put, é um filme destituído de ideias novas ou mesmo de um humor minimamente sagaz.
Ulisses (Otaviano Costa) é um arquiteto rico mas infeliz no trabalho, que é o mesmo dos seus pais, em cujo escritório ele trabalha, e será o mesmo de sua filha, Maria (Jamilly Mariano). Mergulhado em frustrações, ele acaba cedendo e procura uma espécie de coach mística (Katiuscia Canoro), que, supostamente, o ajudaria a se reencontrar na vida. Mas é dopado com um chá misterioso e, quando acorda, descobre que tudo o que tinha foi roubado. Por outro lado, ganhou poderes de descobrir a verdadeira vocação das pessoas ao tocá-las.
É uma comédia para tempos de conformismo laboral, afinal, todo mundo tem que trabalhar mesmo. As funções que ele descobre nas pessoas são as mais variadas, e todo mundo tem um trabalho de cantora a garçom, e é feliz nisso. Ulisses acaba abrindo um consultório, onde guia as pessoas para a profissão ideal e vira um sucesso. Mas um jornalista (Victor Lamoglia) pretende desmascará-lo.
Com piadas envolvendo o casamento, na vida real, entre Costa e Flavia Alessandra, que faz participações aqui, Vidente por acidente não conta com boas piadas e se repete por um bom tempo, até que algo de novo aconteça. Os caminhos tomados pelo roteiro de André Brandt, Gui Cintra e do próprio Costa mais parecem um rascunho de filme, ideia que não foram desenvolvidas. E a direção de Rodrigo Van Der Put, do recente Dois é demais em Orlando, é pouco esforçada para fazer além do básico.