O que seria a menina Abigail: uma bailarina vampira ou uma vampira bailarina? E isso importa? Fissurada no Lago dos Cisnes, ela pode ter dançado esse balé na primeira montagem no século XIX. Mas, no presente, numa grande cidade, ela é o alvo fácil de uma gangue de sequestradores.
Interpretada por Alisha Weir, Abigail é filha de um homem muito rico – embora os sequestradores nem saibam quem ele é. Apenas cumprem ordens de entrar na casa da família, dopar a menina e levá-la para um esconderijo – uma mansão isolada. Faz parte do plano ninguém saber o nome de ninguém, então, todos se tratam por pseudônimos. Frank (Dan Stevens) é o líder, Peter (Kevin Durand) é forte e burro, Rickles (William Catlett) tem destreza com armas, Dean (Angus Cloud, em seu último papel no cinema) dirige ofensivamente, Sammy (Kathryn Newton) é uma hacker, e Joey (Melissa Barrera) é um mistério, embora, claramente, tenha treinamento médico.
O filme não se dá ao trabalho de dizer como esses desconhecidos foram reunidos mas, quando chegam ao esconderijo com a menina, são recepcionados por Lambert (Giancarlo Esposito), que organizou toda a empreitada e diz que o cativeiro durará apenas um dia, uma vez que o pai da menina irá pagar o resgate.
Como toda a publicidade de Abigail já informa, ela é uma pequena vampira sedenta por sangue, para azar dos sequestradores. Assim, o filme, dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, se revela naturalmente sangrento. Mas, fora o banho de sangue, essa revisão da filha de Drácula não tem muito a oferecer – há alguma piada aqui e ali, algumas poucas saídas visuais interessantes, mas, fora isso, não renova em nada a mitologia vampiresca ou traz algum frescor ao gênero.
Quem procura apenas sanguinolência também tem de esperar - custa um pouco para a vampirinha colocar os dentes de fora e, quando o faz, finalmente, pode ser um tanto decepcionante. Salva-se a pequena Weir na personagem-título, que parece divertir-se mais do que qualquer pessoa. É uma pena que o filme não lhe dê tantas oportunidades de brilhar, soando meio derivativo, com uma dança que parece descaradamente copiada de M3GAN. Destacam-se também as outras duas atrizes, Barrera e Newton (o alívio cômico aqui) em papeis que poderiam muito bem ser mais desenvolvidos. No fundo, todos são meras vítimas em potencial da protagonista e, dessa forma, os diretores se importam menos com eles do que a própria Abigail.