Zeca (Renato Novaes) tem dificuldade em acordar. Pior ainda é seu trajeto para o trabalho na cidade vizinha, onde trabalha como bibliotecário numa escola. Depois de inúmeros atrasos, é demitido. Quem dá a notícia é Luisa (Grace Passô), funcionária do colégio que ele não conhecia.
É impossível explicar em palavras toda a complexidade, beleza, ternura e delicadeza de O Dia que Te Conheci. Uma sinopse não dá conta disso – talvez texto nenhum consiga. É um filme para se ver, e se sentir. Escrito e dirigido pelo mineiro André Novais Oliveira, esse filme multipremiado é um retrato carinhoso sobre as complexidades e as belezas do nosso tempo.
Esse é um filme de amor, quase seguindo uma fórmula hollywoodiana de “garoto conhece garota”, mas obviamente André subverte isso tomando caminhos inesperados ao acompanhar um dia na vida de Zeca – exatamente o dia em que o amor entra na sua vida. A conexão entre ele e Luisa não é imediata, ao menos da parte dela, que tem outros planos, mas acaba passando o começo da noite com Zeca num bar.
A obra de André Novais é pautada pelo humanismo, pelo interesse nas pessoas e suas relações, que transformam os caminhos de forma inesperada. O cotidiano é a matéria dos seus filmes, seja em longas, como Temporada ou Ela Volta na Quinta, protagonizado por sua família.
O cinema deste diretor conquista por sua simplicidade. Mas ninguém se engane, essa simplicidade aparente é extraída de muita labuta, que delicadamente reposiciona os temas complexos de forma acessível e identificável. Aqui, a questão central é a saúde mental. Tanto Zeca quando Luisa lidam com problemas emocionais, e a conexão entre eles traz um fortalecimento pois um entende as lutas cotidianas do outro.
Novaes e Passô, veteranos de filmes de André, são dois monumentos em cena. A química entre eles transita entre o cômico e o comovente. É bonito testemunhar como a cumplicidade entre os dois personagens nasce, e, em poucas horas, se torna imprescindível às suas vidas.
Leia a entrevista com o diretor André Novais Oliveira