Nas extensas 3 horas e meia de seu O Brutalista, o ator e diretor norte-americano Brady Corbet cria uma cinebiografia um tanto caótica para um personagem inventado, o arquiteto húngaro Lazsló Toth (Adrien Brody). Sobrevivente de um campo de concentração, ele consegue asilo nos EUA, recorrendo à ajuda inicial de um primo, Attila (Alessandro Nivola). Mas logo lhe ocorrem inúmeras dificuldades, que aparentemente serão solucionadas quando ele cai nas graças de um temperamental milionário, Harrison Von Buren (Guy Pearce).
Muito falta para que Lazsló, um ex-professor na Bauhaus de Dessau, possa realizar seus sonhos mais caros: como resgatar a mulher, Erzsébet (Felicity Jones) e a sobrinha Zsófia (Raffey Cassidy), ainda refugiadas na Europa devastada do pós-guerra. A associação com Von Buren lhe dá a oportunidade de construir um ambicioso centro cultural, em que ele poderá exercitar seu talento, mas que se torna um verdadeiro pesadelo, devido à instabilidade e aos abusos do patrocinador e às próprias inseguranças de Lazsló. A vida nos EUA é tudo, menos a realização do mítico sonho americano.
Filmado em 70 mm, O Brutalista tem ambição mas falha na maneira como estende, em suas duas partes, os altos e baixos de um personagem trágico, perdendo de vista a organicidade da narrativa, especialmente em seu mal-resolvido segmento final.
Uma polêmica à parte envolveu o uso da IA, no caso, o software Respeecher, para aperfeiçoar o sotaque húngaro de Adrien Brody e Felicity Jones, de modo a permitir-lhes passar por húngaros verdadeiros, como exige a história. De todo modo, o recurso não caiu bem a todo mundo.
Ainda assim, o filme capturou as atenções das premiações mundiais. Conquistou o prêmio de direção no Festival de Veneza, três Globos de Ouro (melhor filme/drama/ melhor ator e melhor diretor), quatro Baftas (diretor, fotografia, trilha sonora e ator) e três Oscars: ator (o segundo para Brody), fotografia e trilha sonora .