28/04/2025
Suspense Policial

Assalto à 13a DP

A última noite de 2004 também será a última noite da 13a DP. Mas, antes de ela ser fechada para sempre, o Sargento Roednick terá de se unir com quatro detentos para vencer uma ameaça externa, que quer recuperar um criminoso e acabar com todos.

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Numa época em que filmes de ação e suspense mais parecem jogos de videogame, Assalto à 13ª DP é uma exceção. Oficialmente, o longa é um remake do filme homônimo, de 1976, feito por um John Carpenter pré-Halloween e, apesar de manter os elementos-chaves da história, desta vez os bandidos são outros. Porém, o excesso de clichês do gênero e as supostas ‘pistas falsas’ ao longo da trama, muitas vezes atentam contra a inteligência.

Enquanto no original policiais e presidiários precisavam unir forças para sobreviver ao ataque de uma gangue que pretendia destruir a 13a e quem e o que estivesse dentro, nesta atualização os maiores bandidos estão dentro do próprio sistema. A delegacia está prestes a ser desativada, os funcionários foram transferidos para a nova e moderna 21a DP. Em plena noite de 31 de dezembro, dois policiais e uma secretária passam a noite empacotando as derradeiras bugigangas. Coisas de quem não tem uma família com quem dividir a última noite do ano.

Em meio a uma forte tempestade de neve, um ônibus que transporta quatro presos é obrigado a fazer uma parada na delegacia, para esperar passar a nevasca. Os detentos são colocados nas celas. O local se torna alvo de ataques com balas e bombas. Tudo leva a crer que são os comparsas de um dos maiores criminosos de Detroit, Marion Bishop (Laurence Fishburne), que finalmente foi preso após matar um policial.

Enquanto o grupo cerca a 13a DP, o Sargento Jake Roenick (Ethan Hawke) arma um plano de defesa. Para que funcione, será preciso que policiais e detentos unam suas forças. Certamente, haverá traições, desconfianças e cada um dos grupos operando conforme seus interesses.

Exceto por Roenick e Bishop – que são os personagens ‘complexos’ do filme –, todos os outros são estereótipos do gênero. Beck (John Leguizamo) é o criminoso neurótico e o alívio cômico. Já a atriz Maria Bello faz uma psiquiatra que cuida de Roenick (entre tantos clichês, ele perdeu o seu time durante a tentativa de prisão de um traficante e se sente culpado), e é a leiga que tem que aprender a pegar numa arma para ajudar. Entram em cena também o policial mais velho que acredita na corporação, o detento maneiro (vivido pelo rapper Ja Rule), e assim vai.

Querer ver algo além do que o filme é (um suspense mediano, com certa dose de tensão, mas nenhuma criatividade) é ser comparsa no crime. Poderia até pensar-se numa metáfora dos EUA da era Bush, mostrando que o perigo está infiltrado no poder, ou que a direita (policiais) teria que se unir à esquerda (bandidos) para acabar com a ameaça interna (dentro da própria direita), que não era notada anteriormente. Mas em nenhum momento o roteiro dá indícios de que essa interpretação é uma possibilidade. Então, Assalto à 13a DP é somente o óbvio a que se propõe mesmo.
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