28/04/2025
Terror

Amaldiçoados

Ellie e seu irmão sofrem um acidente de carro e são atacados por uma estranha criatura. A dupla passa a ter um comportamento estranho e, nas noites de lua cheia, podem se transformar em lobisomens. Para acabar com essa praga, terão de matar com prata a criatura que os amaldiçoou.

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Fazendo justiça ao título do filme, o diretor Wes Craven e o roteirista Kevin Williamson foram amaldiçoados por uma série de problemas que os obrigaram a reescrever, refilmar e até mesmo escolher um novo elenco para Amaldiçoados – o que atrasou o filme em, pelo menos, três anos. Tanto barulho por nada. O longa parte de uma idéia promissora para cair no marasmo da previsibilidade até o seu final boboca. Nem os efeitos especiais que transformam a pessoa em lobisomem são lá grande coisa – os animais mais parecem macacos bombados com anabolizantes.

Christina Ricci é talentosa e já provou isso em outros filmes (O Oposto do Sexo, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça). No entanto, nos últimos anos, escolhas erradas em sua carreia a afastam cada vez mais de um status de atriz séria de verdade. Até porque é difícil olhar para ela e não lembrar da menininha Adams que ela interpretou nos dois filmes sobre a família de monstros. Aqui ela novamente assume uma persona monstruosa, ou melhor, mezzo humana, mezzo lobo – aquilo que chamamos de lobisomem. Depois de um acidente de carro, ela e seu irmão Jimmy (Jesse Eisenberg) são mordidos por uma estranha criatura e contaminados. Toda noite de lua cheia se transformam em animais e precisam se alimentar.Surpresa! Surpresa! Surpresa!

A partir de então, começam a ter um comportamento estranho, que inclui comer carne crua, dormir nu no jardim e farejar sangue a metros de distância. A cena em que a personagem de Christina, Ellie, uma produtora de TV, fareja sangue pela primeira vez tem um quê de bizarro e absurdo. Ela encontra uma de suas colegas de trabalho na cozinha do escritório tentando estancar o sangue que corre de seu nariz. Nada demais, afinal todos com hemorragia nasal correm para a cozinha, não para o banheiro, claro.

Não dá mesmo para pedir plausibilidade deste tipo de filme. Aliás, é exatamente isso que não se espera do gênero. Mas nem com direito a todos os vôos de imaginação que o diretor e roteirista poderiam ter Amaldiçoados tem novidades. Depois de uns dez minutos já é possível saber quem é o lobo mau e como matá-lo. Resta então, infindável hora e meia de temos-que-matá-lo-e-nos-livrar-da-maldição. Esse tempo, aliás, recheado de ‘drama’ escolar já visto em melhores momentos em centenas de filmes sobre o colegial norte-americano, que, aliás, deve ser o inferno na terra do Tio Sam, dada a quantidade de filme que mostra o quanto os jovens sofrem nas escolas.

Se Craven e Williamson tivessem optado pela sátira aos clichês do gênero – como fizeram muito bem em Pânico -, Amaldiçoados seria meramente diversão. No entanto, a cada cena percebe-se que a dupla está tentando se levar a sério e esperando o mesmo de sua platéia. Mas, em momentos em que era para se pular da cadeira de susto, as pessoas irão rir; e quando era para dar umas risadinhas é mais provável que não se conformem em ver tanta besteira na tela.

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