08/02/2025
Drama

Tão Distante

Baseado numa tragédia real, o filme mostra parentes de um grupo de terroristas, que contaminaram a água de uma região, matando centenas de pessoas. Esses parentes serão obrigados a confrontar fantasmas do passado envolvendo a tragédia, quando passam perdidos uma noite numa casa na floresta.

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É com atraso de quatro anos que chega ao Brasil Tão Distante, do cineasta japonês Hirokazu Kore-eda, o mesmo de Ninguém Pode Saber, lançado no país no primeiro semestre. Os dois filmes são baseados em fatos reais. Mas aqui o cineasta busca um distanciamento maior para abordar os ataques terroristas na capital japonesa em 1995, quando o metrô da cidade foi contaminado com gás venenoso.

Ao invés de simplesmente recriar a tragédia, Kore-eda vai por outro caminho, falando da perda e da coragem. O roteiro do próprio cineasta mostra parentes de membros de um grupo terrorista fictício que matou mais de 100 pessoas e deixou quase 10 mil doentes ao contaminar a água da cidade com um vírus geneticamente modificado. Alguns desses parentes costumam reunir-se uma vez por ano. Quatro deles acabam sendo obrigados a passar uma noite numa floresta, onde fica o lago em que foram lançadas as cinzas dos terroristas. Após terem seu carro roubado, eles são obrigados a se instalar na casa que servia de quartel para os terroristas e encontram o único sobrevivente do grupo.

O cineasta se mostra muito mais interessado nos efeitos que o atentado teve sobre os parentes dos terroristas do que no evento propriamente dito. Dessa forma, ele foca o drama nos sentimentos de perda e incompreensão.

Por isso mesmo, ele não busca explicações, nem as motivações para o ato criminoso, embora forneça uma série de flashbacks dos eventos que culminaram na tragédia. A câmera na mão, sempre trêmula e nervosa, cria uma atmosfera inquieta e, muitas vezes, assustadora. Ainda assim, muitas vezes, a poesia sobressai das belas imagens e das interpretações viscerais. Neste filme, o cineasta é muito mais etéreo do que no drama das crianças abandonadas no subúrbio de Tóquio, Ninguém Pode Saber.

Aos 43 anos, Kore-eda está entre os cineastas de maior prestígio do novo cinema japonês, encarnando sua vertente mais transcendental, ligada às questões mais abstratas como o medo, a culpa, a imortalidade, em obras como Maborosi – A Luz da Ilusão e Depois da Vida.

Mais calcado em questões terrenas e até na violência, Takeshi Kitano é outro expoente japonês, com filmes como Hana-bi – Fogos de Artifício e Brother – Yakuza, A Máfia Japonesa em Los Angeles).

Finalmente, fazem sucesso também filmes de terror sobrenatural, que têm ganhado remakes quase que anuais nos EUA, como a série Ring – O Chamado e agora Água Negra, que tem direção do brasileiro Walter Salles.

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