Representando essa moralidade em crise está Bob Barnes (George Clooney). Agente da CIA em fim de carreira, ele acredita piamente que todos os crimes que cometeu em nome da segurança de seu país, inclusive alguns assassinatos, foram por bons motivos. Tudo o que ele pretende agora é passar os últimos anos de sua carreira em algum posto burocrático, livre das estressantes viagens que o mantiveram afastado da família. Mas uma missão dá bem errado, com o assassinato de dois traficantes de armas no Irã e um potentíssimo míssil indo parar nas mãos de um misterioso homem de olhos azuis. A partir daí, Bob será exposto como bode expiatório por seus superiores e irá finalmente descobrir que o único interessado em salvar sua pele é ele mesmo.
Através das ações de Bob, o espectador terá a possibilidade de ir pouco a pouco desvendando a suja rede de intrigas e corrupção que envolve a luta por petróleo no Oriente Médio – uma luta, aliás, que está por trás da mais sangrentas guerras atuais, como a do Iraque. A espionagem, aqui, despe-se daquela aura charmosa e divertida que tempera as aventuras de James Bond e assume um caráter bem mais realista, o de guerra suja onde vale tudo e a vida humana não tem a menor importância.
Produtor executivo do filme, o ator e diretor George Clooney mostra mais uma vez seu empenho como artista engajado em tratar de assuntos sérios e adultos – como fez também no filme que dirigiu (e em que atua como coadjuvante), Boa Noite e Boa Sorte, que expõe os bastidores do macarthismo. O engajamento de Clooney chega em boa hora para a parte do público que se ressente da massificação infantilizada que contamina boa parte da produção de Hollywood.