28/04/2025
Drama

Partir

Suzanne é uma mulher madura, casada, rica e mãe de dois filhos. Um dia, reforma parte de sua casa e apaixona-se perdidamente por um trabalhador espanhol. Seu marido reage da pior forma possível.

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Este drama francês, de Catherine Corsini, assumidamente, procura homenagear o cineasta François Truffaut (1932-1984). Não só por recorrer a um tema amoroso e fatalista, como por usar, em sua trilha sonora, parte das músicas de Georges Delerue – compositor favorito de Truffaut – para seu drama A Mulher do Lado (81).


Partir é o sétimo filme da diretora, que teve exibido no Brasil outro drama carregado, A Repetição (2001), com Emmanuele Béart. Neste novo trabalho, Catherine Corsini, que assina o roteiro com Gaëlle Macé, retrata a crônica de uma paixão desesperada que, como no filme de Truffaut, envolve adultério.
Na história de Corsini, a protagonista é Suzanne (Kristin Scott Thomas, de A Outra). Casada com um médico, Samuel (Yvan Attal, de A Hora do Rush 3), bem de vida, e mãe de dois filhos adolescentes, ela é aparentemente feliz.


Há uma insatisfação brotando, porém. Tanto que Suzanne cansa-se de ser apenas dona-de-casa e resolve trabalhar. Faz estágios como fisioterapeuta e decide reformar parte de sua casa para abrir um consultório. A obra, realizada por um operário espanhol ilegal, Ivan (Sergi López, de O Labirinto do Fauno), tem efeitos devastadores na vida da família, pois Suzanne apaixona-se loucamente por ele.


Ela tenta resistir, mas finalmente não consegue. O marido reage da pior forma possível, dando vazão ao seu ciúme e procurando por todos os meios impossibilitar a vida de Suzanne e Ivan – impedindo-o, por exemplo, de conseguir trabalho na cidade em que Samuel é um médico de prestígio e com ligações políticas.


A diretora nunca consegue imitar a delicadeza de Truffaut, que funcionava mesmo em histórias extremas, como a citada A Mulher do Lado. A narrativa, aqui, é por demais carregada de clichês, com um ritmo comprometido por um excesso melodramático de novelão.


Fora isso, há a questão da verossimilhança. Numa história contemporânea, é difícil acreditar que Suzanne fosse tão indefesa diante das manobras do marido ciumento.
O ponto forte é mesmo a interpretação de Kristin Scott Thomas, entregando-se totalmente à personagem e falando um francês impecável – como visto no recente Há Tanto Tempo que Te Amo, de Philippe Claudel. 


 

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