21/03/2025
Comédia

Elvis & Madona

Madona é um travesti cabeleireiro que junta as economias para produzir um show de drag queens. Mas seu ex-namorado bandidão aparece para roubá-la. Ela é socorrida pela lésbica Elvis, motoqueira e entregadora de pizzas. Elvis e Madona tornam-se os melhores amigos. E algo mais.

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Exibida e premiada em diversos festivais nacionais e estrangeiros, como Natal, Rio e Tribeca (Nova York), Elvis & Madona, de Marcelo Laffitte, é um exemplo típico das dificuldades dos filmes independentes para entrarem em cartaz no País.
 
Filmada em 2008, finalizada em 2009 e percorrendo extenso circuito de festivais em 2010, a comédia tornou-se um pequeno cult, mas só agora conseguiu estrear, revelando ao grande público um dos casais mais inusitados da história recente do cinema nacional, o travesti Madona (Igor Cotrim, da novela Mulheres Apaixonadas) e a lésbica Elvis (Simone Spoladore, Não se pode viver sem amor).
 
Madona é cabeleireira no salão Divas, em Copacabana, e dá duro para juntar dinheiro. Seu sonho é montar um musical estrelado por drag queens. Mas um dia um ex-amante, o bandidão João Tripé (Sérgio Bezerra), aparece em seu apartamento e leva todas as suas economias, depois de agredi-la.
 
Quem chega pouco depois é Elvis, motoqueiro que sonha em ser fotógrafo e sobrevive como entregador de pizzas, e veio justamente entregar um pedido de Madona. Depois de socorrê-la, Elvis torna-se grande amigo da cabeleireira. Os dois tornam-se inseparáveis e dividem aventuras. Até que numa noite acontece algo mais entre os dois e Elvis engravida.
 
Se, para escrever seu roteiro (premiado no Festival do Rio 2010), o diretor Marcelo Laffitte partiu de notícias de jornal, ao elaborar sua história deixou de lado a inspiração inicial – que era o caso de dois travestis, pai e filho, que se envolviam com a mesma mulher – em benefício da criação de uma atmosfera cômica e de grande liberdade. E, é bom que se diga, nunca desrespeita a inteligência de ninguém nem esbarra no mau gosto ao arriscar-se na transgressão de estereótipos sexuais.
 
Um dos grandes achados do diretor foi o casting. Atriz compenetrada e conhecida por papéis sérios, como Lavoura Arcaica (2001), Simone Spoladore nunca exagera na composição da sua Elvis. Carregando sua valente Madona com enérgica simpatia, Igor Cotrim usa a dose certa de glamour e purpurina e não cai no escracho. O resultado é um projeto de família anticonvencional que não faria feio em nenhum filme de Pedro Almodóvar.
 
Maitê Proença, como a mãe de Elvis, também tem uma cena das mais hilariantes, quando se desenrola a revelação sobre o bebê. É mais uma das surpresas deste pequeno filme.
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