Santiago (Juan Luis Galiardo) acorda no dia em que completa 55 anos e encontra na cozinha a família reunida: sua mulher, os três filhos e a mãe. Conversam sobre amenidades e logo Santiago recebe seus presentes. Ao abrir o pacote do filho menor, um cachimbo, irrita-se com a falta de atenção do garoto, que se esqueceu que ele não fuma. O menino, como os demais na mesa, é um ator pago para fazer o papel de seu filho no dia da festa de aniversário, que acabou cometendo um erro em sua caracterização.
O homem, que contratou a companhia de atores, criou um papel para cada um e todos têm que representá-lo como consta do script. As confusões não demorarão a se agravar com a chegada do diretor da companhia, que representa o irmão de Santiago. Ele tenta manter a equipe unida, alegando que se trata apenas de um trabalho que terminará no fim do dia, quando todos poderão voltar à sua vida normal. A perspectiva de receberem um bom cachê por seu desempenho não é o suficiente para a maioria dos atores. A adolescente Luna (Elena Anaya), paga para ser a filha de Santiago, teme que ele possa ser um psicopata, com planos diabólicos no final da representação.
O roteiro bem construído permite que o diretor consiga entrelaçar com competência as histórias particulares dos atores com sua representação, impedindo que o enredo perca o interesse e caia na monotonia. Todas as situações são tratadas com um humor absurdo, completamente surrealista. Aranoa, vencedor do Goya (o Oscar espanhol) de melhor diretor revelação em 1998 e indicado pelo roteiro original, demole, na melhor tradição espanhola, os chamados pilares da família. Por outro lado, também enaltece a instituição familiar ao constatar que todos precisam de laços pessoais fortes mesmo que, para isso, precisem pagar algum preço.