21/03/2025
Aventura Ação

Mulher-Maravilha 1984

Agora vivendo no ano de 1984, Diana Prince é uma cientista que trabalha no Instituto Smithsonian, em Washington. Quando sua colega, a gemóloga Barbara Minerva, recebe do FBI uma misteriosa pedra para examinar, ela nem imagina os perigos que esta encerra. Na verdade, a pedra tem poderes mágicos e, por isso, atrai o interesse do empresário Max Lord, que tudo fará para roubá-la, colocando o mundo em perigo.

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Sequência do sucesso de 2017, Mulher-Maravilha 1984 peca por algumas faltas e excessos e, no geral, é um tanto decepcionante. A trama dá um salto de cerca de 70 anos em relação ao primeiro filme da heroína, Diana Prince (Gal Gadot), agora uma cientista lotada no prestigiado Instituto Smithsonian de Washington. Deusa e imortal, ela continua linda e impecavelmente vestida, montada no salto alto. E, quando sente o chamado, entra em ação para salvar quem precisa - tem uma predileção especial por crianças, que ela ajuda em duas das sequências eletrizantes de ação, recorrendo ao seus inseparáveis Laço da Verdade e seus braceletes.
 
A solidão pesa para Diana desde a morte do piloto Steve (Chris Pine). Ela não achou, na verdade, nem procurou um substituto para ele. Problema parecido tem sua colega cientista Barbara Minerva (Kristen Wiig), mas por razões opostas. Ao contrário de Diana, sempre bela, elegante, segura, Barbara é atrapalhada e sente o maior complexo por não atrair a atenção de ninguém.
 
Uma misteriosa pedra vem parar no Smithsonian, para análise de Barbara, que é gemóloga. E ela também atrai a atenção de um inescrupuloso empresário, Max Lord (Pedro Pascal), envolvido com um negócio de poços de petróleo e que está arruinado. A pedra, ele descobriu, tem poderes mágicos, podendo atender a qualquer desejo. Mesmo sem acreditarem nesta magia a princípio, isto une Barbara e Diana ao caminho de Max.
 
Fosse este um vilão mais interessante, a adrenalina geral da história subiria muito. Mas não. Este Max Lord é um tipo de ultracapitalista desvairado que tem uma ideia ainda mais doida quando se trata do controle da pedra. Seu potencial de realizar desejos, no entanto, envolve também Diana e isto explica a reaparição de Steve na história - ainda que usando o corpo de outra pessoa, o que rapidamente se resolve, pois Diana só o vê com seu rosto de sempre. Um pouco confuso, é verdade, assim como a escala das ambições de Lord, que o levam direto à Casa Branca e a uma revisita às tensões da Guerra Fria. 
 
Uma grande chance desperdiçada neste roteiro, assinado pela diretora Patty Jenkins, Geoff Johns e David Callaham, é no sentido de extrair mais humor dos coloridos anos 1980. A brincadeira se limita a uma cena em que Steve experimenta algumas roupas e não passa disso. Mesmo uma comediante tarimbada como Kristen Wiig não tem nenhuma chance cômica, limitada a um comportamento apagado, numa parte do filme, e fortemente agressivo, na outra, quando ela vai assumindo as características da Mulher-Leopardo. 
 
Não poderiam deixar de existir algumas sequências em que a Mulher-Maravilha exercesse suas proezas, como quando ela captura um quarteto de assaltantes num shopping ou quando se enfia numa caravana de caminhões - e um tanque - no Egito, contando com seu inseparável Laço da Verdade. Seus confrontos finais com os dois vilões, no entanto, são um tanto esticados e não tão atraentes quanto se poderia esperar.
 
Há um visível esforço por carregar na emoção, recorrendo-se a um virtual bombardeio da trilha sonora de Hans Zimmer, um excesso para qualquer ouvido. Escolhas e renúncias também estão no horizonte de todos os personagens, ainda que a forma como se lida com isso no roteiro deixe a desejar, como quase tudo. 
 
Se o primeiro filme com a personagem, em 2017, foi de apresentação e tinha a vantagem da novidade, este aqui parece de despedidas a parte daquilo que a formou, o que não deixa de ser saudável. Mas, antes de mais nada, é preciso ver como o público receberá este segundo capítulo para ver se vem mais pela frente.
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