Yes, God, Yes é uma comédia espirituosa sobre crescer num ambiente cristão, frequentando uma escola cristã na virada do século, quando a internet ainda era uma novidade e cybersexo acontecia em chats virtuais da AOL. Escrito e dirigido por Karen Maine, o filme transforma as aflições de sua protagonista, Alice (Natalia Dyer), em combustível para um humor crítico.
Ela é adolescente e está com os hormônios à flor da pele, o que não tem nada de errado. Mas o ambiente de sua casa e sua escola são bastante opressores, podando qualquer assunto relacionado a sexo ou desejo. Ainda assim, a curiosidade de Alice a instiga a entrar em chats na internet e tentar descobrir tudo aquilo sobre o que é proibida de conversar. Tudo se complica na escola quando começa a correr uma fofoca de que ela deu um “beijo grego” (o letreiro inicial no filme explica o que é) num menino. E ela nem sabe o que isso significa, mas percebe que não é algo positivo, já que começa a sofrer bullying.
Cheia de culpa católica, ela acaba indo para um retiro cristão com vários colegas de classe e em companhia do padre de sua escola, Murphy (Timothy Simons), outra criatura bem-intencionada, mas toda errada em seus métodos, além de hipócrita. No acampamento, Alice só comete gafes e começa a desejar o líder de seu grupo, Chris (Wolfgang Novogratz), um bobalhão que também só está reprimindo sua própria natureza.
Maine se inspirou em sua própria adolescência para fazer o filme, e hoje em dia não se identifica mais com o catolicismo. Repleto de piadas envolvendo religião, Yes, God, Yes tem momentos hilários, especialmente quando expõe a hipocrisia da religião ou com as gafes de Alice, tentando fazer o que acha certo, mas indo contra suas vontades. O filme não faz julgamento moral de nenhum dos dois lados, apenas expõe a falsia moral e como a opressão religiosa faz mal a uma pessoa. Nesse sentido, é uma verdadeira ode aos e às sobreviventes desse tipo de educação que, como a diretora, descobriu que o mundo lá fora é bem maior.