O gaúcho Os Pássaros de Massachusetts é um filme sobre encontros e desencontros em Porto Alegre. É também um longa sobre a fugacidade dos relacionamentos humanos numa cidade grande, sobre como as pessoas tocam umas às outras, e como são tocadas. Dirigido por Bruno de Oliveira, o longa acompanha três dias na vida de três jovens de 20 e poucos anos.
Oliveira, que também integra o elenco do filme, como um dos três protagonistas, deixa sua câmera solta, quase que sem rumo, quase por acaso encontrando seus personagens. O longa começa com Michel (Michel Legrand), que, perdido na cidade, para uma desconhecida e lhe pergunta sobre uma lanchonete que havia ali, mas hoje não há mais. Ela não sabe responder mas, estranhamente, o filme se interessa por essa moça que se torna o foco da atenção. Ela é Sofia (Sofia Nóbrega), que se torna a protagonista por algum tempo.
O roteiro, assinado pelo diretor e Leonardo Michelon (que também atua no longa), é construído nessa estrutura de pequenos encontros que dão protagonismo a novos personagens. Essas jovens e esses jovens não têm rumo muito definido na vida – e isso se reflete na trama. Acompanhamos essas pessoas em seu cotidiano, fazendo coisas banais.
O filme é construído na acumulação de episódios, nem sempre com um sentido – o que, talvez, seja o seu objetivo, já que nem tudo na vida faz sentido, mas, para o cinema, isso parece aleatório demais, livre demais. Talvez um curta funcionasse melhor, com sua contenção de tempo. Como longa, Os Pássaros de Massachusetts às vezes gira em torno de si mesmo, em busca de algo a dizer e mostrar que não seja a banalidade do cotidiano – o que todo mundo conhece bem por experiência própria.
