A cidade de Woodsboro volta a ser aterrorizada por crimes cometidos por um sujeito de máscara. Após sua irmã caçula ser atacada, a jovem Sam volta à cidade tentando desvendar o crime. Ela só conseguirá descobrir a identidade do assassino com ajuda de Sidney Prescott e Gale Weathers, que já passaram por isso diversas vezes.
- Por Alysson Oliveira
- 12/01/2022
- Tempo de leitura 4 minutos
Embora o novo Pânico seja o quinto filme da série, ele não leva o número em seu título, o que, como se verá, faz sentido. Conforme explica uma personagem: esse não é um remake, um reboot ou uma sequel – mesmo, que, por outro lado, também seja uma refilmagem, um reinício e uma sequência ao mesmo tempo. Complicado? Ainda tem mais: esse filme pode ser definido pelo neologismo “requel”, uma combinação de reboot com sequel. De qualquer forma, o longa dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett é sagaz o suficiente (às vezes, até demais da conta) para jogar com tudo isso.
Pânico (5) parte de um universo já existente e explorado nos longas anteriores – todos dirigidos por Wes Craven, morto em 2015 e homenageado aqui com um personagem e uma dedicatória – mas também não deixa de fora quem nunca viu nenhum deles. Tê-los visto, certamente, aumentará o nível de envolvimento com o novo exemplar e a compreensão das piadas internas. A grande sacada da série, iniciada em 1996, sempre foi sua sintonia fina com o público juvenil, como viviam e se divertiam, transformando tudo isso numa sátira sanguinolenta. Os assassinos do original culparam, basicamente, a violência no entretenimento como o que moldou sua personalidade e os levou a matar. Aqui a ideia toda é atualizada, afinal mais de 25 anos se passaram, e a juventude mudou muito nesse tempo. Ainda assim, o roteiro, assinado por James Vanderbilt e Guy Busick, é fiel à ideia. Na franquia, as pessoas não cometem assassinatos por serem naturalmente violentas, mas a sociedade as molda assim. Aristóteles e John Locke mandam lembranças.
Uma das partes que melhor funcionam aqui é a metalinguagem, já explorada antes. Os assassinatos de Woodsboro ficaram tão famosos que se tornaram uma série de filmes – a partir do livro-reportagem escrito por Gale Weathers (Courtney Cox), uma celebridade local que alavancou sua carreira como repórter e escritora graças à cobertura dos assassinatos. O filme-dentro-do-filme se chama “Facada”, e já está em sua 8a sequência. “Piorou muito depois da quinta”, comenta uma personagem.
Como é de praxe num filme do gênero, pistas falsas (e claramente artificiais) são jogadas em cena a todo momento. Não é só isso que o novo Pânico tem em comum com seus antecessores – a começar pela estrutura. No prólogo, uma jovem chamada Tara (Jenna Ortega) está sozinha em casa quando recebe uma ligação. Qualquer um familiar com a série sabe o que acontece, ela termina esfaqueada – e isso não é nenhum spoiler, está no trailer.
Sua irmã Sam (Melissa Barrera), que há muito deixou a cidade de Woodsboro, por questões familiares, acaba sendo obrigada a voltar e traz a tiracolo o namorado Richie (Jack Quaid), que desconhece a série de filmes “Facada”, e passa boa parte do tempo vendo-os na Netflix. Tara tem uma turma – o que faz deles e delas vítimas em potencial e suspeitos e suspeitas dos crimes. Tudo faz parte das regras – explica uma dessas amigas, Mindy (Jasmin Savoy Brown) obcecada pelo gênero. O grupo também inclui o gêmeo dela, Chad (Mason Gooding), sua namorada (Sonia Ammar); Amber (Mikey Madison); e Wes (Dylan Minnette), filho da delegada e mãe superprotetora Judy (Marley Shelton), que já apareceu no filme anterior.
Quando os corpos esfaqueados começam a surgir, Sam busca ajuda do ex-policial Dewey (David Arquette). Mais tarde entram em cena também as veteranas da franquia, Gale e Sidney Prescott (Neve Campbell), vítima na trilogia original. Como elas, o que sempre foi caro à série são as regras do gênero, que aqui (como nos outros, na verdade) também serão subvertidas.
Bettinelli-Olpin e Gillett são fieis ao gênero e à franquia que Craven criou a partir dos roteiros de Kevim Williamson – combinando sanguinolência com um humor cínico e isso deverá agradar à fanbase. Não há, exatamente, novidades aqui, mas como remake, reboot e sequel, Pânico é eficiente em seu universo, e deixa como sempre um espaço para continuar, ou se reinventar, se necessário, daqui a alguns anos – ou criar uma nova “requel”.