Daiana e Vini são dois jovens moradores da periferia de S. Paulo que, por conta da gravidez precoce dela, vão morar na casa da mãe dela. Vini é tranquilão demais e isso preocupa Daiana. Mesmo assim, ela resolve passar um fim-de-semana na casa da avó, que não vê há tempos. Na sua ausência, Vini vai dançar com os amigos, levando o bebê - que desaparece. Agora, ele percorre a comunidade buscando por ele.
- Por Neusa Barbosa
- 15/03/2022
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Reconectando com a onda de filmes sobre favelas e comunidades dos anos 2000, a comédia Vale Night, de Luis Pinheiro pega o mote dos bailes funk na periferia de São Paulo para desenvolver uma trama embalada por equívocos mais ou menos engraçados.
Daiana (Gabriela Dias) e Vini (Pedro Ottoni) são o casalzinho de jovens que acaba de ter um filho, em mais um caso de gravidez precoce que cria uma série de perrengues. Sem discurso de moral, o filme embala nos problemas deles, que moram com a mãe dela (Maíra Azevedo), que não se conforma com o fato de a filha ter largado a escola para cuidar do filho.
Mas o tom de enredo é leve, embarcando na visível irresponsabilidade de Vini, um tranquilão que é capaz de trocar o próprio filho com outro bebê quando visita um amigo na comunidade. Estressada, Daiana resolve ir com a mãe para a casa da avó (Neusa Borges) no final de semana, deixando o filho com o pai, para que ele tome um pouco mais de juízo.
Desnecessário dizer que a partir daí se forma a grande confusão, com Vini perdendo o bebê ao resolver levá-lo com ele na dancinha dos amigos, enquanto Daiana, cheia de dúvidas, resolve acompanhar as amigas a um baile funk. Ela conta que o irmão, Randerson (Jonathan Haagensen), um durão de maus bofes, dê conta de vigiar Vini e o sobrinho. Mas é claro que tudo vai sair dos trilhos para gerar a trama do filme, que conta com Linn da Quebrada como a DJ Pulga, que devia ter sua noite de glória no baile funk mas acaba enrolada com o traficante Linguinha (Yuri Marçal) e tem participação decisiva, embora involuntária, no sumiço do bebê.
Sem pretender, nem de leve, aproximar-se da visão dramática de um Cidade de Deus ou Alemão, o filme evita igualmente qualquer viés policial, normalizando, por exemplo, a figura do traficante e o uso de drogas, preferindo investir na composição do espírito comunitário do ambiente do filme.
A pegada suave, apesar da adrenalina na busca do bebê, predomina numa produção com poucas ambições, que pretende, aparentemente, ser apenas um entretenimento com algumas pitadas de preocupação social - como os letreiros finais, exortando a superação da crônica evasão escolar das meninas por conta da gravidez precoce. Um toque bem-intencionado e de valor.