O grande atrativo, por assim dizer, da comédia de ação policial e suspense nacional Me Tira da Mira é a reunião do cantor Fábio Júnior com parte de sua prole na tela: Cleo e Fiuk, ela, fazendo papel de filha de seu personagem, o rapaz como parceiro dela na polícia civil. Além disso, conta-se também com um prólogo com Vera Fischer, como uma atriz veterana que morre em circunstâncias misteriosas – embora, a princípio aponte-se como suicídio.
Contando, nos créditos, com cinco roteiristas e mais cinco colaboradores no roteiro, não há filme que se sustente com tanta gente colocando a mão no texto. Por isso, não é surpresa que pareça mais uma colcha de retalhos com várias pequenas tramas que não se casam direito, sendo que nenhuma é particularmente boa ou engraçada. Cleo é Roberta, uma policial destemida cujo pai Jorge, delegado na Polícia Federal, insiste em que ela preste concurso para trabalhar com ele. Ela é a primeira pessoa que suspeita de que a morte da atriz não foi suicídio e começa uma investigação sozinha, internando-se no spa que a mulher frequentava.
Roberta tinha um relacionamento que fico mal resolvido com seu antigo parceiro, Rodrigo (Sergio Guizé), que, por sua vez, está oficialmente envolvido na investigação. Ela também conta com a ajuda de seu atual parceiro na polícia, Lucas (Fiuk), e de uma psicóloga, Isabela (Bruna Ciocca), que trabalha na clínica, e que a policial conhecera quando seu chefe a mandou fazer terapia. A moça, por sua vez, é apaixonada por Lucas, a ponto de o estaquear.
Há uma outra trama, supostamente a mais engraçada, envolvendo uma atriz com transtornos mentais que sonha em interpretar Ruth e Raquel, num remake da novela Mulheres de Areia. A personagem, Natasha Ferrero, é interpretada por Julia Rabello, fazendo pela milésima vez uma figura que parece derivativa de algum esquete de seus tempos de Porta dos Fundos.
Dirigido por Hsu Chien (Quem vai ficar com Mário?, Ninguém entra, ninguém sai) Me tira da mira é um filme que não faz muito sentido – a começar por seu título quase aliterativo. As cenas e personagens de humor são forçadas, contando com celebridades da internet sem muita experiência com atuação – o que destoa, especialmente, quando contracenam com Rabello, veterana dona de um humor ágil. O filme parece (e talvez seja) piloto de uma série de televisão ou uma franquia de filmes. Seu final, ao mesmo tempo abrupto e óbvio, deixa os ganchos para eventuais continuações.
