19/01/2025
Suspense Ação

Hypnotic - Ameaça invisível

Daniel Rourke é um policial traumatizado desde que sua filha pequena foi sequestrada bem na sua frente, num parque. Ele faz terapia e é autorizado a voltar ao trabalho. Mas, logo no primeiro dia, ocorre uma aparente tentativa de assalto a um banco e surge em cena uma foto de sua filha. Daniel procura a ajuda de uma vidente, Diana Cruz, porque conhece o suspeito - que seria um poderoso hipnotizador.

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Robert Rodriguez vive neste filme o seu momento “quero ser Christopher Nolan”. Ou seja, cria uma narrativa concêntrica, misteriosa, que procura perder o seu espectador nos meandros de uma trama complexa em que as aparências sobretudo enganam. Resta saber se ele é o diretor certo para dar conta disso.
 
A premissa do roteiro, assinado por Rodriguez e Max Borenstein, sem dúvida, é atraente. Começa num tom policial, acompanhando Daniel Rourke (Ben Affleck), um detetive traumatizado pelo sequestro de sua filha (Hala Finley), que aconteceu um dia num parque, bem debaixo de seus olhos. Por conta do trauma, ele está fazendo terapia, mas já recebe autorização de voltar ao trabalho. E bem no seu primeiro dia, ocorre uma confusão dos diabos.
 
Quando Rourke e seus parceiros estão de tocaia diante de um banco, aparece um homem misterioso (William Fichtner) que provoca reações inusitadas de uma série de pessoas presentes à cena. Aparentemente, ele as está hipnotizando e induzindo a esses comportamentos bizarros, tudo isso para encobrir sua entrada no banco, onde deve praticar um roubo. 
 
Começa aí uma caçada de gato e rato entre Rourke e o homem misterioso, que seria Lev Dell Rayne, tido como o maior hipnotizador do mundo, fugido de um projeto secreto do FBI. Para o detetive, encontrar esse homem se torna caso de vida ou morte depois que ele encontrou uma foto polaroid de sua filha desaparecida num cofre do banco que Dell Rayne teria vindo buscar. 
 
Rourke procura ajuda especializada e esta aparece na forma de uma vidente, Diana Cruz (Alice Braga), que participou do projeto secreto do FBI e poderia enfrentar Dell Rayne com seus poderes psíquicos - nos quais o policial, aliás, não acredita nem um pouco. A desconfiança torna-se o tempero de uma história de parceria, fugas rocambolescas e o aprofundamento do mistério: o que Dell Rayne tem a ver com o sequestro da menina? E onde ela pode estar?
No papel de protagonista feminina, Alice Braga sustenta bem a ação, mostrando energia e humor para compor a dupla com Affleck, jogando um tempero latino que cai bem na história. Affleck e Fichtner, aliás, também estão bastante bem. O problema é segurar o ritmo e a credibilidade quando o enredo dá uma virada de tom.
 
A hipnose e o que ela é capaz de induzir alguém a ver e pensar são a chave dos muitos desdobramentos que ocorrem do meio para o fim, suscitando dúvidas sobre a identidade e os propósitos de todos os personagens. Esse é o pulo do gato, mas Rodriguez não é Nolan, não tem sua sofisticação, nem a experiência neste tipo de narrativa. Diretor de filmes como O Mariachi, Grande Hotel e o recente Alita - Anjo de Combate, Rodriguez é um cineasta mais afeito a histórias diretas de ação, com um humor peculiar e referências à la seu amigo Quentin Tarantino. O que significa dizer que se do ponto de vista visual aqui se dá conta do recado, com efeitos obtidos a partir do uso de lentes esféricas e outros recursos, os diálogos ficam devendo. E o ritmo é um pouco confuso na reta final. Mas, para ser honesta, não deixa de ter seus momentos de diversão.
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