20/03/2025
Comédia

A Árvore, o Prefeito e a Mediateca

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Os fãs do intimismo do Eric Rohmer, em seus contos das quatro estações e contos morais, talvez estranhem esta curiosa incursão pela política do mestre francês - embora ele não seja estranho ao assunto, como provou no seu trabalho mais recente, A Inglesa e o Duque.

Neste filme realizado em 1993, porém, falta algum elemento daquela química que costuma deflagrar a empatia dos espectadores com seus filmes. O centro das discussões tem atualidade inegável. Centra fogo na luta de um prefeito socialista, Julien Deschaumes (Pascal Greggory), que se empenha em instalar na sua idílica cidadezinha, Saint-Jure Champgillon, na região da Vendéia, um moderníssimo centro cultural - a mediateca do título. O filme acompanha o trajeto deste esforço, traduzido pela incidência de sete acasos, que decidirão em última análise o seu desfecho.

Fazem parte destes sete acasos as intervenções do inimigo número um do prefeito, o professor ecologista Marc Rossignol (Fabrice Luchini), sua filha Zoé (Galaxie Barbouth), a namorada do prefeito, a escritora Berenice Beaurivage (Arielle Dombasle), e uma jornalista de Paris, Blandine (Clémentine Amouroux). O problema é que as discussões sobre temas tão mais áridos do que o amor roubam energia do filme. O tradicional encanto de Rohmer fica comprometido, muito embora ele seja totalmente incapaz de cometer um mau filme.

Para os interessados, são preciosas as discussões políticas, desfiando posições polêmicas, como a de que os ecologistas estão fadados a não serem de esquerda, por se aterem a um conservacionismo radical, quando não a uma volta ao passado pura e simples. Temas como a oposição entre progresso e conservação da natureza, vida campestre e vida urbana também enfrentam ringues verbais semelhantes. Pena que falte um pouco mais de fluência para o filme respirar.

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