27/03/2025
Terror

Não abra!

Samidha é uma jovem de ascendência indiana vivendo nos EUA. Ao se afastar de sua cultura, ela também se afasta de sua antiga melhor amiga. Durante uma discussão entre as duas, Samidha quebra um pote no qual estava aprisionado um demônio e agora precisa prendê-lo novamente.

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A teórica indiana Gayatri Chakravorty Spivak pergunta no título de um famoso ensaio: “O subalterno pode falar?”. Não Abra! é um terror que pergunta isso a todo momento situando-se numa sociedade onde o multiculturalismo liberal é fonte de uma curiosidade superficial pautada pelo exotismo.
 
A adolescente Samidha (Megan Suri) tem se afastado de suas raízes indianas – tanto que atende agora pelo nome de Sam. Ela está, como se costuma dizer, aculturada. Seus interesses estão mais próximos dos valores estadunidenses do que indianos, para decepção de sua mãe, Poona (Neeru Bajwa), ainda atenta aos valores e tradições de seu país de origem.
 
A ex-melhor amiga de Sam, Tamira (Mohana Krishnan), é uma menina hostilizada na escola por seu comportamento peculiar – entre as coisas que faz está carregar um pote de conserva onde diz ter aprisionado um espírito demoníaco. Durante uma discussão, Sam acaba quebrando propositalmente o pote e tudo muda na vida dela, a começar pelo desaparecimento da outra adolescente.
 
O filme dirigido por Bishal Dutta se vale, então, da cultura indiana para causar terror. O demônio Pishach se alimenta do medo e da carne das pessoas. Partindo dessa premissa, Não Abra! cai na obviedade de muitos horrores contemporâneos, mais interessados em sustos baratos do que criar atmosfera.
 
Enquanto fica apenas na sugestão, o demônio é um personagem mais eficiente, até que, finalmente, seja mostrado em sua completa dimensão. É, novamente, frustrante, pois mais parece criatura deste planeta e de outros que tanto se viu no cinema, sem muita novidade.
 
A mensagem do filme, no entanto, deve agradar em cheio aos bem-intencionados corações liberais com o grande desejo de “aprender” mais sobre outras culturas. Não é bem o caso aqui, no entanto. É apenas uma visão tipo exportação.
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