Na pele de Everett Hitch, o fiel, calado e bom de tiro assistente do ainda mais sisudo xerife Virgil Cole (Harris), Mortensen dá um show de sutileza. Protetor do xerife, ele sempre está de olho vivo e dedo no gatilho de uma imensa espingarda quando os vilões estão por perto. O maior deles, o rancheiro Randall Bragg (Jeremy Irons, num dos papéis mais malvados de sua carreira).
Se há uma palavra para dar a justa medida do estilo de Harris como diretor, é “controle”. Ele mantém a rédea curta no tom de tudo, da valentia ao humor, que é cínico, contido em várias frases trocadas como farpas entre os personagens principais.
Conflito básico: em 1882, a cidade de Appaloosa está atormentada por Bragg e seus bandoleiros, que ditam sua lei e matam quem querem. Cole e Hitch são contratados para impor uma outra ordem, depois que o último xerife sumiu – nem seu corpo apareceu. A nova dupla começa por um peculiar conjunto de regras colado atrás da porta do novo xerife – que inclui de tudo, até a proibição de portar armas na cidade. Mistura de chefão do crime organizado e livre iniciativa selvagem local, Bragg não vai se conformar com isso. A tensão pode ser cortada como faca nas ruas. É certo que, mais dia, menos dia, o frágil equilíbrio vai explodir.
Enquanto o grande confronto não chega, quem desembarca na cidade é uma viúva jeitosa, Alison French (Renée Zelwegger), que tem tanto a ver com esse ambiente quanto uma orquestra de violinistas. Uma estranha no ninho, cuja função vai se desenvolver dentro da história. Antes disso, o coração endurecido do xerife balança forte por ela.
Baseado em livro de Robert Parker, o roteiro de Harris e Robert Knot reserva uma boa cena de tribunal – com direito a discurso inspirado do réu Bragg – e diversas reviravoltas. Não decepciona os fãs de clássicos do gênero nem espanta os não tão apegados assim. A violência não transborda mas desponta na esquina toda vez que se poderia esperar.