Mas não seria uma comédia francesa se não extraísse riso do absurdo. Daí a eficácia do roteiro de Dupontel e o trabalho sem censura de Sandrine, que leva o filme. Aqui, ela é Ariane Felder, uma juíza rigorosa, que leva muito a sério seu trabalho. Ao preferir a moralidade dos tribunais e a virtude do trabalho a uma vida social, aos 40 anos não tem amores, amigos ou família.
Para piorar, descobre que o pai é um desconhecido, o criminoso Bob Nolan (Dupontel), um ladrão de cofres acusado de mutilar um idoso endinheirado e comer seus olhos. Um crime que, aparentemente, não cometeu, mas precisará da cooperação de Ariane para provar o contrário.
O humor criado por Dupontel varia entre o negro, o pastelão é até um tanto infantil, como nas brincadeiras com linguagem de sinais na TV, em participação especial do ator Jean Dujardin (a outra do cineasta Terry Gilliam, como psicopata entrevistado). Mas parecem entrar em sintonia nesta produção, em que mesmo os corações mais gelados podem derreter com piadas.