20/09/2024
Infantil Juvenil

Sobre rodas

Lucas tinha o sonho de tornar-se jogador de futebol, mas isto foi cortado por um acidente que o tornou paraplégico. Laís vive com a mãe e a avó e sonha conhecer o pai, que as abandonou, e nunca mais voltou. Os dois garotos resolvem cair na estrada atrás do pai de Laís, dando início a uma aventura.

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Testado em festivais nacionais, como o do Rio, e internacionais, como Toronto e Chicago, Sobre rodas, longa de estreia do diretor e roteirista Mauro D’Addio, é uma aposta no segmento infanto-juvenil. Tem um olhar mais voltado ao minimalismo intimista do que aos efeitos especiais das grandes aventuras de super-herois – das quais, aliás, o mercado cinematográfico já está bem cheio.
 
Assim, a história prepara o encontro entre seus protagonistas, Lucas (Cauã Martins) e Laís (Lara Boldrin), ambos de 13 anos. Colegas de classe, os dois não têm aparentemente muito em comum exceto um grande trauma – ele, por ter ficado paraplégico num acidente recente, ela, pela falta de um pai desconhecido.
 
Apostando na simplicidade, o diretor e roteirista coloca os dois garotos numa aventura na estrada, em que Laís usa sua bicicleta, Lucas, sua cadeira de rodas incrementada. Seu objetivo é buscar o pai ausente da menina, um caminhoneiro que abandonou a família há anos e nunca mais apareceu. Evidentemente, para Lucas a viagem é uma compensação para alguém que viu abortada sua esperança de tornar-se jogador de futebol e agora desafia a superproteção de seus pais (Simone Iliescu e Geraldo Rodrigues).
 
Pegando leve nas possibilidades de perigos para seus dois personagens, o filme os coloca diante de personagens excêntricos, como dona Pereira (Vera Barreto Leite), uma velha senhora que lhes oferece abrigo e jantar mas tem algo de bruxa malvada de historinha infantil. Através destes encontros, molda-se uma jornada de aprendizado e experiência, um ensaio de final de infância e início da vida adulta, sem pesar demais a mão – embora não se esqueça de contemplar o natural desespero dos pais com o desaparecimento de seus filhos.
 
O núcleo familiar de Laís, todo feminino, formado pela mãe Rita (Georgina Castro) e a avó Neusa (Nani de Oliveira), reflete uma situação realista, que oferece a chance de um confronto dramático mais bem sustentado, entre a mãe amargurada com o abandono do marido, além de inconformada com a fixação da filha em encontrá-lo. A avó, por sua vez, olha com carinho o interesse de um velho caminhoneiro, seu César (Arthur Kohl), que tem um papel na resolução um tantinho apressada do desaparecimento dos meninos.
 
É visível que houve as melhores intenções na composição deste primeiro filme, que é agradável de se ver, apesar de algumas hesitações de roteiro e direção. Os jovens protagonistas mostram empenho e talento.
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