No complexo do Alemão, o policial civil Machado e seus comandados, Ciro e Freitas, executam uma missão secreta: a prisão de um grande líder do tráfico de drogas. Supervisionada pela delegada Amanda e seguindo as pistas de um informante, a ação sofre uma emboscada. Foragidos, os policiais são caçados por traficantes.
- Por Alysson Oliveira
- 09/03/2022
- Tempo de leitura 3 minutos
Tanto no filme original, quanto na sequência Alemão 2, imagens jornalísticas tentam estabelecer o tom do longa e mostrar o quão calcado na realidade o longa é. Mas, não se engane, é ficção. Novamente dirigido por José Eduardo Belmonte, a sequência do sucesso de 2014 salta uns bons anos na narrativa, e começa de novo – traz uma trama nova, com apenas uma personagem, além do cenário, fazendo o elo entre as duas produções.
O Complexo do Alemão serve novamente de palco para a ação, que centra sua tensão em poucas horas, após um curto prólogo no qual uma invasão termina com uma troca de tiros envolvendo um policial civil, Machado (Vladimir Brichta), e um traficante conhecido como Soldado (Digão Ribeiro). Anos mais tarde, eles irão se confrontar novamente.
O grande esforço do filme – o que é louvável, aliás – é mostrar que existem pessoas boas e ruins, honestas e corruptas tanto na polícia quanto na comunidade – embora, em certa medida, no retrato do filme, os policiais saiam menos chamuscados do que os moradores e moradoras do Alemão.
Agora sob o comando da delegada Amanda (Aline Borges), sua colega naquela operação, Machado volta ao Alemão para prender Soldado. O policial está com Ciro (Gabriel Leone), a quem define como “esquentadinho”, e a novata Freitas (Leandra Leal). A ideia é fazer uma prisão pacífica, sem troca de tiros e que possa servir também de palanque eleitoral.
Obviamente, para que exista filme, isso não vai acontecer. A missão tão milimetricamente pensada sai errado, há troca de tiros, gente morta (traficantes e moradores inocentes), e o trio de policiais civis acabam presos dentro do Complexo, sem carro e sem plano de fuga alternativo, esperando que um comando especial venha em seu resgate.
É nessa situação que surge a melhor personagem do filme. dona Ivone, interpretada por Zezé Motta, numa atuação que traz complexidade a um filme tão carregado em estereótipos. Saindo de casa para o trabalho, é abordada pelo trio, que carrega Soldado algemado. Os policiais a obrigam a dar abrigo em sua casa, e as roupas brancas dela rendem o melhor diálogo do filme.
Com roteiro de Marton Olympio e Thiago Brito, Alemão 2 cria personagens e tramas secundárias que nem sempre funcionam bem, como é a do policial Bento (Dan Ferreira), que trabalha na comunidade e serve de informante para Amanda. Ele é apaixonado por Mariana (Mariana Nunes), viúva do traficante alvo do primeiro filme. Há certa ingenuidade, além de uma propensão para heroísmo, no jovem policial, e a história de amor entre ele e a moradora do Alemão nunca faz muito sentido dentro da trama.
Belmonte chamou a atenção com filmes bem autorais e de baixo orçamento, como A Concepção e Se Nada Mais Der Certo. Em Alemão, ele encontrou uma produção, assinada por Rodrigo Teixeira, com grande apelo de público – na cola de Tropa de Elite – e seguindo as regras de um gênero. Não há espaços para ousadia aqui. Alemão 2 é um filme milimetricamente planejado para fazer bilheteria, mexendo as engrenagens de um jeito bem claro, que dialogue com o público contemporâneo.