Raro exemplar de animação espanhola a chegar aos cinemas nacionais, As múmias e o anel perdido não se diferencia muito de seus primos dos EUA – para o bem e para o mal. Tecnicamente, o desenho é excelente, com as mesmas qualidades visuais de qualquer produção norte-americana. Porém, sua trama em nada diferencia de qualquer exemplar genérico – é divertida, voltada exclusivamente para o público infantil, e só. Não há nada no filme que aponte suas origens ibéricas, nenhuma particularidade.
Ao lado de dinossauros, múmias devem ser o tipo de personagens que as crianças mais gostam. Aqui elas moram num além-sarcófago, onde nunca envelhecem. Ficam com a mesma idade depois de mortas milhares de anos atrás. Escrito por Jordi Gasull e Javier López Barreira – de As aventuras de Tadeo –, o filme é bastante simples em seu conceito: um trio dessas múmias acabam indo parar na Inglaterra, onde se tornam celebridades, e vítimas de um arqueólogo com sede de fama.
Ainda na cidade das múmias, o faraó determina que sua filha, a Princesa Nefer, deve se casar. A moça, que sonha em ser uma cantora, é rebelde, e não pretende aceitar nenhum marido. O escolhido, por acidente, pela fênix casamenteira é Thut, um ex-corredor de bigas, que também não está interessado em se casar, mas não pode negar a ordem do faraó.
A dupla, ao lado do irmãozinho de Thut, Sekhem, e o animal de estimação do menino, um bebê crocodilo, vão parar em Londres, onde se tornam uma espécie de atração turística, e vivem diversas aventuras, tentando fugir do arqueólogo Lord Carnby.
O cenário do Egito, com suas pirâmides e deserto, é um destaque no filme. Mas, já pela escolha das personagens, As múmias e o anel perdido não consegue escapar do padrão norte-americano. Podia-se fugir do óbvio, e se fazer um filme sobre alguma tradição espanhola, por exemplo, não apenas para honrar o país de origem como também para fugir da mesmice ou da ideologia colonizadora de europeus se apoderando da cultura africana – como é o caso da animação.