Produzido pelo mesmo estúdio do sucesso cristão O Som da Liberdade, o documentário Depois da Morte pretende investigar, por um viés religioso, é claro, o que acontece do outro lado da vida. A ideia é colher depoimentos de especialistas e pessoas que passaram pela experiência de chegar bem perto da morte.
O tema é interessante e complexo, mas a abordagem dos diretores Stephen Gray e Chris Radtke passa longe de um lado mais científico – embora aparente que se interessa por isso, trazendo depoimento do médico Michael Sabom, um cardiologista que publicou livros sobre o assunto e no filme se vende com cientista, que até encoraja o ceticismo - mas ninguém menciona que seu lado cristão é bem forte na sua vida.
Ele é o fundador da International Association for Near Death Studies, e alguns membros da associação também participam do filme. Os outros depoentes são pessoas que tiveram experiências próximas da morte. O primeiro é o ex-piloto Dale Black, que, em 1969, sofreu uma queda no avião que pilotava. Os outros dois pilotos morreram na hora, mas ele viveu para contar sua experiência, que o levou a ver uma luz, quando acreditava estar morto.
O que é, no mínimo, estranho é como todas as histórias se parecem, com uma ou outra variação. As experiências documentadas pelos pesquisadores cristãos são todas próximas, como se tivessem partido de um inconsciente coletivo mesmo. Os especialistas, todos com títulos acadêmicos, tentam parecer ter feito uma pesquisa séria, mas, em nenhum momento, há evidências além de depoimentos. Ou seja, acredita quem quiser.
Gray e Radtke tentam vender o filme como um documentário sério, escondendo a base religiosa que media o filme. Por que? Seria mais honesto se o filme se assumisse como cristão, e com depoimentos seguindo essa ideia de vida pós-morte. Do jeito que se apresenta, não é só risível com um tanto danoso para a comunidade científica séria.
