Evidências do amor é quase um negócio de família. A cantora Sandy protagoniza um filme que tem, ao centro, a música que ficou famosa nas vozes de seu pai e seu tio, Chitãozinho e Xororó, embora, como fique bem claro aqui, a composição seja do cantor José Augusto. Também é muito evidente que ela é cantora, não atriz, e sua contenção nessa função é um dos maiores problemas aqui - o que fica muito mais claro ao lado do humor histriônico de Fábio Porchat, seu par romântico.
Ele é Marco, um desenvolvedor de app em São Paulo, que conhece Laura num caraoquê, no centro da cidade. E o que eles cantam juntos, ora se não é Evidências, que, por motivos óbvios, se torna a música deles. O tempo passa, e eles estão cada vez mais juntos, até que decidem se casar. Mas, próximo da data, a moça fica com medo e termina tudo.
Um ano depois, Marco ainda não superou a separação e algo estranho começa a acontecer. Toda vez que ouve Evidências, ele cai no sono e visita um momento da vida passada do casal, como uma viagem no tempo. É uma premissa que poderia ter saído da mente de Charlie Kaufman. Ele só se lembra, porém, de momentos ruins, de brigas ou de indiferença que teve com ela.
Poderia ser algo intrigante, mas o roteiro de Pedro Antônio, Fábio Porchat, Luanna Guimarães e Álvaro Campos toma caminhos óbvios, sem criatividade. Fica boa parte do tempo deixando Marco entender o que está acontecendo, até que, finalmente, o consegue, a trama não sabe muito para onde ir.
Dirigido por Pedro Antônio, esse é mais um romance fantasioso do que comédia romântica mesmo. Os momentos de humor são mais por conta de Porchat, que repete todos os modos, tons e quaisquer outras coisas que já fez no Porta dos Fundos. É como se fosse um esquete, um pouco mais alongado.
Sandy fica fora de cena por uma parte do filme. Sua personagem é uma médica que sonha em ser cantora, mas não tem coragem de tentar essa carreira. Quando Marco a reencontra, ela se transformou, não apenas está loira (uma peruca questionável cobrindo as madeixas de Sandy), como também canta num bar e tem um novo namorado.
De qualquer forma, é um filme inserido em seu tempo, interessado em conversar com a juventude do presente, com sua enorme referência a memes, redes sociais e afins. O longa pode não perguntar como se dão os relacionamentos amorosos nos dias de hoje, mediado pela tecnologia virtual, mas é isso que mostra.
