A comédia romântica juvenil Morando com o crush é um daqueles filmes que poderiam muito bem estrear direto no streaming. Toda semana uma penca deles é despejada nos mais variados serviços digitais, produzidos quase em escala industrial. O longa nacional dirigido por Hsu Chien não tem nada que o diferencie dos demais ou dê um lastro para lançamento no cinema.
Giulia Benite interpreta Luana, órfã de mãe que vive com o pai, Fábio (Marcos Pasquim), e tem uma quedinha por um colega de escola, Hugo (Vitor Figueiredo). Quando pensa que, finalmente, pode estar fazendo algum avanço em sua tentativa de romance com ele, descobre que o pai namora a mãe do rapaz, Antônia (Carina Sacchelli) - e não apenas isso, os quatro irão morar numa pequena cidade do interior, pois Fábio e Antônia foram transferidos. E, mais uma coisa, viverão na mesma casa – daí o título do filme.
O resultado mais parece um piloto de sitcom do que um filme em si. Luana e Hugo, a princípio, reclamam de deixar a cidade grande e suas conveniências para morar numa cidade pequena, mas logo se acostumam e fazem novos amigos. Para conseguir vaga na mesma escola, precisam mentir que são irmãos gêmeos.
Surge daí uma comédia de erros entre o casal e os novos amigos, que pensam que são irmãos, quando, na verdade, estão se descobrindo apaixonados um pelo outro. Entre pequenas e grandes intrigas, ciúmes e trapalhadas, o filme se desvia para outras subtramas que nada acrescentam, como o fato de Luana e o pai serem viciados em comidas pouco saudáveis, enquanto Hugo e a mãe preferem coisas mais naturais. Os hábitos alimentares serão um motivo de disputa aqui.
Escrito por Sylvio Gonçalves, o longa tem simpatia por seus personagens, mas não os impede de serem rasos e movidos apenas por poucos impulsos, especialmente os coadjuvantes, como Priscilla (Júlia Olliver), cuja função se resume a ter ciúmes de Luana e Hugo e atrapalhar o romance.