Meu sangue ferve por você empresta seu título de uma das canções mais famosas de Sidney Magal, cujo romance com sua mulher, Magali, é o tema do filme dirigido por Paulo Machline, que foge da ideia de uma cinebiografia e faz um musical, como é dito nos letreiros iniciais, “magalesco”.
Magal é uma figura ímpar da cultura nacional. Seu colorido, seu jeito latin lover conquistou o público no final dos anos de 1970 e nas décadas seguintes. Interpretado por Filipe Bragança, no longa ele é uma figura em construção, em busca do seu sucesso com seu figurino espalhafatoso e coreografias sensuais.
Magali (Giovana Cordeiro) é uma jovem comum, que ele conhece por acaso, e por quem se apaixona perdidamente. Para desespero de seu empresário argentino, Jean Pierre (Caco Ciocler), passional e vilão do filme, e para quem a carreira de Magal é mais importante do que qualquer envolvimento amoroso.
Um dos acertos do longa roteirizado por Roberto Vitorino, Homero Olivetto, Machline e Thiago Dottori, é fazer um recorte da vida e da carreira do biografado, e não tentar abarcar toda sua trajetória, um dos maiores equívocos do gênero. Além disso, a recriação da época e do colorido magalesco, por assim dizer, também é um acerto.
O filme, no entanto, não se contenta apenas com isso, e é também um musical, ou seja, outros personagens cantam, além de Magal, como o próprio Jean Pierre (cantando em portunhol), o que é um tanto estranho. Mas nada disso seria realmente um problema não fosse a edição picotada, especialmente dos números musicais, que não permitem ver as performances de forma mais detalhada.
Bragança acerta ao não ousar muito interpretando o protagonista. Magal é um figura conhecida e marcante demais para se tentar inventar algo diferente do que ele já deixou marcado no imaginário popular.