08/09/2024
Comédia Animação

Divertida Mente 2

Riley chega aos 13 anos, e a adolescência muda o seu corpo e sua mente, com novas emoções. A mais forte delas é a Ansiedade que, com seu anseio por antecipar tudo o que pode dar errado, toma conta de tudo. Nos cinemas.

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Em Divertida Mente 2, Riley atinge a puberdade e suas emoções e sentimentos tornam-se também mais complexos. A continuação do sucesso da Pixar de 2015 não se arrisca a sair da zona de conforto, apesar de trazer novos personagens, mas isso não é exatamente um problema, pois a Ansiedade (na versão nacional, sagazmente dublada por Tatá Werneck) rouba o posto de protagonista e faz tudo parecer mais, digamos, acelerado, novo e arriscado. 

Riley chega à idade em que suas emoções se confundem, se descontrolam e seu corpo se transforma. O filme capta isso de forma inteligente, fazendo da mente e da vida da menina um caos de sentimentos e sensações. Ela está crescendo, seu corpo, mudando, e não é fácil lidar com isso. Ela é uma pequena estrela em ascensão no time de hóquei da escola, o que a leva a ser convidada pela treinadora para um acampamento no final de semana, no qual novas jogadoras podem ser escolhidas para o time principal. 

Tudo podia ser muito legal não fosse o fato de, no caminho, suas duas melhores amigas contarem que, no próximo ano, mudarão de escola. Uma tormenta começa na cabeça da protagonista de 13 anos. Ao mesmo tempo que quer se manter fiel às meninas, e aproveitar os últimos dias juntas, surge a necessidade de fazer novas amizades, de se enturmar com as meninas mais velhas do time principal, ao qual aspira. 

Entram em cena, nesse mesmo momento, novas emoções, sendo a principal dela a ansiedade, uma figura laranja, dentuça e desengonçada mas com as melhores intenções, por mais que possa parecer o contrário. A ansiedade é, acima de tudo, um instinto de preservação exagerado, imaginando os piores cenários para o futuro, para que Riley se proteja deles. 

O roteiro, assinado por  Meg LeFauve e Dave Holstein, e a direção de Kelsey Mann, animador veterano da Pixar que estreia na direção, combinam o que acontece dentro da cabeça de Riley com as reações do lado de fora, mostrando como a menina reage ao mundo e seus estímulos. Repleta de dúvidas, típicas da adolescência, ela tem de escolher entre agradar aos outros ou ser ela mesma – não que sejam coisas excludentes, mas na mentalidade dela, especialmente depois de dominada pela Ansiedade, é. 

As novas emoções incluem o Tédio, que às vezes se transforma em depressão, a Vergonha e a Inveja. Mas o conflito começa quando a Ansiedade manda as antigas emoções, lideradas pela Alegria, para um o exílio no fundo da mente, onde estão fatos e sentimentos com os quais Riley não quer lidar, algo do tipo “amanhã eu penso nisso”. Mas esse amanhã nunca chega, e esses problemas ficaram lá, perdidos em algum lugar. 

Como no primeiro Divertida Mente, o filme encontra seu humor na disputa entre as emoções mais variadas que querem dominar a mente da menina. O entra e sai é desgovernado, assim como a metralhadora giratória de diálogos (Tatá Werneck sendo responsável por alguns dos melhores), e outros personagens que devem aparecer em futuros filmes, como a Nostalgia, uma velhinha simpática com uma xícara de chá que é expulsa da mente toda vez que tenta entrar em cena: “Cedo demais pra você”, dizem as outras emoções.  

As cores aqui parecem ainda mais vibrantes, e a trama tem potencial para dialogar com o público infantil e adulto, mostrando a ambos que o processo de amadurecimento é algo constante e que, sim, as emoções podem ser confusas, e tudo bem ficar triste ou ansioso de vez em quando. A Alegria não consegue estar no controle o tempo todo e também precisa, de vez em quando, de um descanso. 

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