20/05/2025
Terror Ficção científica

Um lugar silencioso - Dia um

Paciente de câncer e dependente de analgésicos, a jovem Samira é pega de surpresa nas ruas de Nova York pela invasão alienígena, num dia em que ela e outros pacientes foram a um passeio. Na fuga, ela leva consigo seu gato de estimação, Frodo, e vai encontrar um companheiro em Eric, um apavorado estudante inglês de Direito.

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Mantendo acesa a história delineada nos filmes de 2018 e 2020, Um Lugar Silencioso: Dia Um, de Michael Sarnoski, lança uma prequel que corre o risco de não ter a bordo a família original, os Abbott, mesmo sem sair do ambiente turbulento da invasão dos alienígenas canibais que caçam as pessoas a partir dos sons que emitem ou provocam. 

Como não poderia deixar de ser, os vilões continuam os mesmos nesta história, roteirizada pelo próprio Sarnoski, um diretor com pouca estrada mas vários prêmios coroando seu primeiro longa, Pig - A Vingança (2021), e o diretor e ator dos dois filmes originais, John Krasinski. 

Sarnoski mantém, basicamente, o clima de pesadelo da franquia, mas tendo a missão de criar uma introdução à catástrofe que abalou o planeta, tendo como epicentro Nova York, o cenário aqui. Parte-se, então, da protagonista, Samira (Lupita Nyong’o), uma jovem e depressiva paciente de uma clínica, gravemente doente de câncer, e que tem como único ponto de afeto seu gato, Frodo - que será uma presença marcante no enredo, como se pode imaginar.

Uma excursão a um teatro de marionetes na cidade leva Sam à cena da catástrofe, que pega todos os habitantes de surpresa, com explosões destruindo tudo e ágeis e gigantescas criaturas descendo do céu e subindo pelas paredes com uma velocidade proporcional ao seu apetite pelos corpos destroçados. 

A procura do gato, perdido e recuperado várias vezes ao longo da história, soma-se à angústia de Sam, que sofre de dores fortíssimas e depende de analgésicos intradérmicos. Em sua fuga, ela acaba encontrando um companheiro, ainda que indesejado, em Eric (Joseph Quinn, de Stranger Things), um jovem inglês que veio estudar Direito na cidade e está totalmente em pânico. É com ele, no entanto, que ela contará para levar adiante uma obsessão, que parece totalmente descabida, de chegar a um certo lugar no Harlem - mas isso também terá uma explicação no seu devido tempo. 

Num cenário de tanta devastação e com vilões afásicos e brutais, o filme aposta na adesão do público a estes dois personagens e seu gato para sustentar o interesse, que poderia se diluir se apostasse somente em massacres - que ocorrem -, ainda mais tendo em vista que o pressuposto da trama não é novidade.

Novidades, a rigor, há poucas, fora o elenco - que inclui uma virtual ponta de Djimon Hounsou como Henri, um dos frequentadores do teatro que foge para salvar sua vida, e Alex Wolff, como o enfermeiro Reuben. Este capítulo nem mesmo oferece, como seria de se esperar, alguma explicação sobre a invasão alienígena ou a origem dos invasores - isto pode ter ficado para outro prometido filme com a volta dos Abbott -, ainda que identifique uma de suas fraquezas, da qual não darei spoiler aqui, e que é essencial para que ao menos alguns humanos escapem da morte.

Dona de um Oscar de coadjuvante por 12 Anos de Escravidão (2014), Lupita Nyong’o, mais uma vez, mostra seu carisma, sustentando em seu rosto expressivo e no olhar magnético toda a dor de sua personagem, além de sua afinidade com histórias extremas, como ela demonstrou no excelente Nós, de Jordan Peele. 

Joseph Quinn, por sua vez, cresce na trama, em que ele começa desajeitado e confuso mas termina heróico. Mais uma vez, sem spoilers. 

Quanto ao gato, Lupita teve que superar sua aversão a estes animais para fazer o filme, em que ela tem que levá-lo no colo em diversas cenas. Frodo, aliás, foi “interpretado” por dois animais, dando muito bem conta muito bem de suas cenas. Aliás, é de se elogiar que o filme abandone o clichê que elege preferencialmente os cães como pets no cinema. Gatos podem ser muito legais, especialmente por serem tão imprevisíveis. 

 

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