19/03/2025
Romance Drama

Todo Tempo que Temos

Almut é uma bem-sucedida chefe de cozinha. Tobias, um executivo de uma empresa de cereais. Os dois se conhecem da maneira mais inusitada, quando ela o atropela num dia em que ele vagava distraído. Do encontro nasce um grande amor, que logo terá pela frente o obstáculo de uma grave doença dela. No Prime Video.

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Dirigido pelo irlandês John Crowley, Todo Tempo que Temos agarra a chance de procurar unir as pontas do novo e do velho num romance que não nega os clichês mas tenta entrar neles por novas brechas.

Estão aqui todos os elementos de um romance típico: o encontro por meios inusitados (aqui, um atropelamento); as personalidades conflitantes (ela mais independente e aguerrida, ele mais família); e a iminência de uma tragédia (uma doença incurável). Tudo isso, distribuído no roteiro assinado por Nick Payne e embaralhado na montagem não linear de Justine Wright que, eventualmente, pode tornar as coisas um pouquinho confusas, mas nem tanto.

A grande sorte é contar-se com uma dupla de atores bem afinada defendendo os papeis de Almut (Florence Pugh) e Tobias (Andrew Garfield), que trabalham bem sua química a partir das inúmeras arestas de suas personalidades. Ela, uma bem-sucedida chef de cozinha, ele um tranquilo executivo de uma empresa de cereais, com expectativas bem diferentes de um relacionamento. Ela, mais independente e avessa à maternidade, ele querendo estabilidade e filhos. Mas, finalmente, tudo caminha na direção de um envolvimento apaixonado, cheio de altos e baixos, situações engraçadas e comoventes, percorrendo todo o manual dos romances de cinema, desde o nascimento de uma filha, a adorável Ella (Gracey Delaney), até o incontornável desafio de lidar com a reincidência de um grave câncer de ovário.

A questão não é tanto a possível morte de Almut quanto o que fazer desse tempo que ela e Tobias têm nas mãos. O grande acerto da história é justamente colocar sua ênfase nesse aspecto, valorizando as tomadas de decisão, particularmente de Almut, no sentido de aproveitar cada momento desse tempo, que escapa inexoravelmente das mãos. E, o que é melhor, sem exageros piegas, extraindo emoção de uma forma quase sempre mais sutil, gerando empatia, embora lágrimas também sejam permitidas, afinal.

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