14/12/2024
Animação Musical Infantil

Arca de Noé

Tom e Vini são dois ratinhos músicos que, ao saber do grande dilúvio que inundará o planeta, tentam entrar na Arca de Noé, Por serem do mesmo gênero, terão dificuldades de entrar na embarcação, mas encontrarão uma forma de resolver isso e participar de um concurso de música com os outros animais.

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A famosa “Era uma casa muito engraçada” abre a animação Arca de Noé, conferindo ao longa um tom lúdico e questionador.  A habitação que “não tinha teto, não tinha nada” coloca ao centro questões sociais, que ganham um tratamento acessível ao público infantil nessa Arca de Noé dirigido por Sérgio Machado e Alois di Leo a partir dos poemas do livro e disco homônimos de Vinícius de Moraes.

A narrativa parte da famosa história bíblica para logo ganhar ares abrasileirados a partir de referências à cultura e ao imaginário nacionais. Dois ratos músicos, Tom (Rodrigo Santoro) e Vini (Marcelo Adnet) – claro, remetendo a Tom Jobim e Vinicius de Moraes –, são uma espécie de mestres de cerimônias que nos guiam pela narrativa, cujo roteiro é assinado por Machado e conta com colaboração das atrizes Ingrid Guimarães e Heloísa Pérrissé.

O dilúvio coloca a trama em ação a partir da famosa história de que o velho Noé (Julio Andrade) deve levar à sua embarcação um casal de cada espécie de animais. Como Tom e Vini são machos, acabarão se separando, pois apenas um poderá embarcar. Mas, após algumas peripécias, acabam juntos de novo. 

Durante a viagem, a bicharada enfrentará disputas por espaço e comida – tudo, claro, de uma forma lúdica e cômica, afinal é um filme voltado ao público infantil. Isso, aliás, também está na forma musical. O longa é mais estridente e acelerado, em sintonia mais com os tempos atuais do que com, digamos, a Bossa Nova. Não há espaço para gentilezas na narrativa, é preciso que as coisas sejam escancaradas. 

Para ajudar a passar o tempo na viagem, há um concurso de cantoria entre os animais, o que também serve de pretexto para algumas músicas/poemas serem apresentados, como O Pato (cantada por Russo Passapusso) ou Galinha d’Angola (cantada por Larissa Luz). 

Tecnicamente e visualmente, Arca de Noé mostra excelência. Coproduzido entre Brasil e Índia, o longa se valeu da experiência em animação do país asiático, e o resultado tem o chamado padrão internacional, com um visual altamente brasileiro e que, especialmente, funciona para exportação. 

O excesso de personagens e a necessidade de vários deles cantarem, ou seja, terem seus minutos de protagonismo, tornam a narrativa um pouco arrastada em algumas partes. De qualquer forma, Machado e di Leo buscam dialogar com o público infantil contemporâneo, não apenas pela inclusão de gírias ou frases típicas de nosso tempo, mas questões que falam ao coração da juventude de hoje, como gênero e linguagem neutra – mas tudo, claro, de forma bem leve, para não ofender a ninguém também. 

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