Não solte! (a exclamação já vem com o título) é como um filme ruim de M. Night Shyamalan que ele nunca teve a chance de fazer. Dirigido pelo francês Alexandre Aja, e protagonizado por Halle Berry, o longa é mais um suspense apocalíptico sem pé ou cabeça que tenta ser espertinho mas, no fundo, é só sem graça mesmo.
Aja, que tem em seu currículo coisa bem menos pretensiosas e mais divertidas, como Piranha e Viagem Maldita, tenta a mão no terror sério de comentário social que naufraga em suas próprias, na falta de palavra melhor, ideias. A trama, assinada por KC Coughlin e Ryan Grassby, passa-se num mundo devastado, povoado por criaturas malignas e assustadoras, em que uma mãe solo (Berry) vive num casebre no meio do nada com seus filhos gêmeos, Nolan (Percy Daggs IV) e Samuel (Anthony B. Jenkins).
Para sair de casa, para caçar comida ou afins, é preciso ter uma corda amarrada ao corpo e à casa para que as criaturas malignas não arrastem as pessoas para o mundo delas. Ou algo parecido. É um tudo um tanto confuso, e o excesso de explicações não ajuda muito. A todo momento, a mãe (que não tem nome) lembra aos meninos de que não se deve soltar a corda para não ser tocado pelo mal, e, então, ser levados a fazer coisas malignas.
Antes de sair, os meninos devem recitar uns versos e, ao voltar para casa, também, dessa vez tocando o solo sagrado de madeira para ter certeza de que não foram tomados pelo mal. Uma das manifestações do mal aparece como uma mulher pálida, de cuja boca escorre uma espécie de tinta enquanto ela mostra sua língua, aterrorizando a personagem de Berry.
A mãe é tão aterrorizada pelo medo que, a certa altura, ameaça um dos meninos com uma faca. E toda vez que voltam para casa, fecha um a um num buraco no meio da sala, onde deve passar um bom tempo na escuridão para saber como é a escuridão e voltar para a luz.
Não solte! não sabe para onde ir. Fica se repetindo à exaustão, as mesmas situações, as mesmas explicações, os mesmos rituais em seus infinitos 100 minutos. A narrativa não anda, e um conflito maior não se estabelece. A mãe, como se percebe, é excessivamente protetora a ponto de quase matar os meninos para os proteger. Eles, por sua vez, incapazes de ver o mal, as criaturas assustadoras, acreditam em sua mãe sem questionar. Até que Nolan desconfia que as coisas não são exatamente como ela conta, mas aí já é tarde demais. A vidas deles já está destruída e o filme, perdido.