21/01/2025
Documentário

Antes que me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star

Cantor, compositor, ator, dançarino, produtor teatral, apresentador de televisão e artista plástico, Edy Star é uma figura pioneira na cultura brasileira, cuja trajetória, resgatada nesse documentário, é marcada pela transgressão.

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Artista plural, para usar uma expressão corrente, Edy Star merecia ser mais lembrado (e conhecido pelas gerações atuais) do que é. De artista-mirim numa rádio na Bahia a cantor e performer em bares e boates da Praça Mauá, além de ser o único Kavernista vivo (denominação de um membro da Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, disco que gravou com Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada em 1971), ele tem uma trajetória rica que espelha a cultura brasileira de meio século. 

Antes Que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star é um documentário carinhoso, que resgata a trajetória dele com depoimentos em primeira pessoa de um biografado sem limites na língua – o que torna o filme ainda mais saboroso. Fica claro que ele mesmo gostaria de ter mais reconhecimento agora, e não está errado em desejar isso, dada sua importância, talento e irreverência. 

Dirigido por Fernando Moraes, o filme traça a carreira de Edy Star, nascido Edivaldo Souza em Juazeiro (BA) em 1937 até o presente. Ele foi uma figura central, por exemplo, na Praça Mauá, na cidade do Rio de Janeiro, em shows em cabarés locais, que primeiro agradaram às pessoas que já frequentavam a região, e depois começaram a atrair a classe alta, socialites e empresários, transformando as apresentações em cults, o que culminou em shows em boates na zona sul carioca. 

Tudo isso é narrado através do bom humor de Edy Star, mas também traz depoimentos de figuras como Caetano Veloso, que o conheceu ainda adolescente, e Zeca Baleiro, que produziu um disco do biografado em 2017, Cabaré Star. Há ainda seu trabalho como artista plástico, destacando sua posição vanguardista quando foi o primeiro artista brasileiro a se assumir publicamente como gay, na revista Fatos e Fotos, em 1973.

Como se vê, Edy Star é um artista transgressor que não se encaixa na cultura mais engessada e hegemônica. O filme, por sua vez, sofre de um paradoxo: como lidar com essa figura ímpar e revolucionária? O diretor opta por um formato mais convencional, possivelmente na pretensão de atingir um público maior do que com um filme desbundado. Sacrifica-se a forma pelo conteúdo, mas, de qualquer forma, não é um filme destituído de charme, especialmente por conta de seu protagonista. 

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