21/01/2025
Documentário

De Quanta Terra Precisa o Homem?

O ex-banqueiro Eduardo Moreira está ao centro desse documentário, produzido pelo seu ICL, o Instituto Conhecimento Liberta, que aborda o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST.

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Com um título que vem de um conto de Tolstói, o documentário brasileiro De Quanta Terra Precisa o Homem? tem como tema o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, trazendo-o por um prisma positivo, mostrando o trabalho do movimento e sua importância. 

É de extrema valia um filme como esse de Adilson Inácio Mendes, que pretende desmistificar a visão negativa e reacionária do movimento, que resume todo a trabalho a “invadir a terra dos outros” – uma inverdade, diga-se. Rico em depoimentos e imagens, o documentário resgata a história do MST, ressaltando sua importância para trabalhadores rurais e para a sociedade em geral. 

O filme é produzido pelo ICL, o Instituto Conhecimento Liberta, que tem um viés mais progressista, fundado pelo ex-banqueiro Eduardo Moreira, uma figura cara a uma ala da esquerda brasileira. Aí começa um dos problemas do documentário: ele se torna palco para Moreira narrar sua trajetória da empresa de investimentos Brasil Plural à sua iluminação política e cultural, que o fez alinhar-se mais à esquerda.

Trabalhadores, no filme, são anônimos (inclusive seus nomes não aparecem enquanto estão na tela). Seus esforços ao longo de anos são eclipsados pela história do homem branco de classe alta que encontrou seu nicho como palestrante e professor de cursos na internet. A sensação que dá é de que todo o esforço do MST – e, por consequência, do filme – fica em segundo plano. Talvez seja compreensível a estratégia do diretor, por querer atingir um público avesso ao movimento valendo-se da imagem bem-sucedida de pessoa rica e esclarecida de Moreira. No entanto, sensação que fica é de que o filme é sobre ele, e não sobre os trabalhadores e sua luta. 

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