No universo Disney, o ciclo da vida, tão professado em O Rei Leão, consiste em espremer uma franquia até a última gota de dinheiro, e, depois, fazer um reboot ou um remake. No caso de Mufasa – O Rei Leão, trata-se de uma prequel, que conta como o personagem-título, pai de Simba, tornou-se a majestade que foi, e como ganhou como inimigo seu irmão Scar.
O filme é dirigido pelo premiado Barry Jenkins, que tem no currículo Moonlight: Sob a luz do luar. Mas pouco importa quem dirigisse, pois poderia ter sido feita por inteligência artificial e o resultado seria o mesmo, sem alma e genérico, apenas mais um produto Disney, não a obra de um cineasta. Chega a ser frustrante como Jenkins, que começou no cinema independente, se submete a trabalhar com algo tão genérico, e cujo trabalho fica um tanto perdido em meio a tanta computação gráfica.
Como o live-action anterior, esse é uma aventura musical, cujas musicas são bastante descartáveis. Nem são muitas, e nenhuma é memorável, embora o filme se esforce até a medula para tentar passar um ar de grandiloquência épica.
Quem narra a história é o macaco Rafiki, uma espécie de griot da tradição africana, que passa as narrativas orais de uma geração a outra, mantendo tradições e afins. No caso do filme, ele conta a história de Mufasa para Kiara, filha de Simba, durante uma noite de tempestade. Ao lado deles, também estão Timão e Pumba, que não têm qualquer função dentro do filme a não ser fazer comentários supostamente engraçados.
Mufasa vivia com seus pais, com quem sonha em encontrar um reino chamado Milele, onde os animais devem viver em paz e harmonia uns com os outros. Mas um grande dilúvio acaba os separando, e o filhote é encontrado por Taka, um leãozinho mais ou menos de sua idade, que é destinado a ser o rei de seu grupo. Mas a chegada de Mufasa incomoda o atual rei, que vê no novato a força e sagacidade que seu filho não tem.
Mufasa é aceito na tribo, mas deve viver apenas com as leoas. Isso não o impede de travar uma forte amizade com Taka, e os dois se consideram irmãos. Uma disputa com um grupo de leões brancos mostra a verdadeira força e nobreza de Mufasa, o que faz com que o rei o envie em busca do tal local conhecido como Milele. Nessa jornada, além do protagonista há também Sarabi e Taka, cujo respeito por Mufasa diminui na medida em que sua inveja aumenta.
Mufasa está longe de ter um perfil interessante. Ele é um personagem plano, sem surpresas, apenas atos heroicos, enquanto Taka tem mais complexidade e transformação. Seria muito mais justo um filme sobre ele, sobre como se tornou Scar, do que este no qual Mufasa continua sendo Mufasa o tempo todo.