21/01/2025
Drama Histórico

As Polacas

No começo do século XX, a polonesa Rebeca vem para o Brasil encontrar com o marido que já está aqui. Ao chegar, descobre que ele morreu. Sem condições de se sustentar e ao filho pequeno, acaba trabalhando num bordel, onde, ao lado de outras mulheres, luta para sair desse lugar.

post-ex_7

Valentina Herszage é um dos nomes do momento. A excelente atriz carioca chama a atenção em Ainda Estou Aqui, como Veroca. Também esteve em O Mensageiro e Vidro Fumê, que chegaram ao cinema neste ano. Em As Polacas, seu trabalho é excelente novamente, como a protagonista, uma jovem polonesa que desembarca no Brasil no começo do século XX. É uma pena que o longa dirigido por João Jardim não esteja à sua altura. 

Baseado em histórias reais, o filme tem, ao centro, Rebeca, uma mulher que imigra para o Brasil com seu filho pequeno, fugindo da pobreza e do antissemitismo, para se encontrar com o marido que já estabeleceu aqui. Curiosamente, num artificio que o filme nunca explica, ela fala e compreende português fluentemente. Mas esse é dos menores problemas aqui. 

Rapidamente, ela descobre que o marido morreu e ela está sem meios de sobreviver. Por um tempo, mora de favor, mas depois já não pode ficar no apartamento da vizinha do seu marido. É nesse momento que Tzvi (Caco Ciocler) lhe oferece uma saída: trabalhar no seu bordel de luxo. Apesar de relutar por um bom tempo, a jovem se vê sem saída e acaba aceitando o emprego. 

Lá ela conhece outras moças judias na mesma condição de exploração e opressão que ela. A única ajuda que elas têm é de um outro grupo de mulheres, conhecidas como a Sociedade da Verdade. O letreiro final fala sobre sua importância, e como sua influência continua até hoje, mas, novamente, o filme não faz a menor justiça a elas. Pouco sabemos sobre esse grupo, que aparece em parcas cenas para ajudar as polacas. O mesmo tema, inclusive, já esteve, também, em Jovens Polacas, de Alex Levy-Heller, lançado em 2020. 

O roteiro errático não consegue construir uma narrativa sólida, optando por uma sucessão de abusos emocionais e físicos que as personagens enfrentam. Dois deles são particularmente complicados dentro do filme. São duas cenas em que Rebeca é estuprada, e a câmera está sempre colada ao rosto quase sem expressão dela. Filmadas em plano-sequência, as imagens se tornam mais um fetiche cinematográfico, com dificuldade de transmitir seu conteúdo dos horrores enfrentados por essa mulher. 

Repleto de boas intenções, tentando juntar as pontas do passado com o presente, As Polacas acaba sendo mais inócuo e desperdiçando boas atrizes em personagens mal delineadas e numa direção equivocada. Talvez uma mulher dirigindo o filme teria a sensibilidade necessária para dar força ao ponto de vista feminino sem fazer exatamente o que o longa quer criticar: a exploração e objetificação da mulher. 

post