17/03/2025
Comédia Romance Drama

Bridget Jones - Louca pelo Garoto

Depois de anos de alegria com seu marido, Mark Darcy, Bridget Jones agora está viúva e com dois filhos pequenos. Depois de passar muito tempo sofrendo com a morte do marido, decide que é hora que buscar um novo amor, e acaba se envolvendo com um rapaz mais jovem.

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Eram meados dos anos de 1990, quando Bridget Jones apareceu como uma coluna no jornal inglês The Independent. Seu diário sobre relacionamentos, amigos e família fez tanto sucesso que virou livro. Trinta anos, três livros e três filmes mais tarde, a personagem está de volta aos cinemas com Bridget Jones – Louca pelo Garoto, quarto (e supostamente último) longa da série. Novamente, interpretada por Renée Zellweger (que, nesse percurso, ganhou dois Oscars, nenhum por essa personagem).

Ao longo desses anos, a personagem se tornou um ícone cultural. Sua trajetória cinematográfica, que começou em 2001, navega por acontecimentos e transformações sociais que se refletem na vida pessoal dela e de tantas outras pessoas. Desde o primeiro livro, e consequentemente o primeiro filme, O Diário de Bridget Jones, seu objetivo mais primordial da vida é se casar - de preferencia com Mark Darcy (Colin Firth), com quem ela subiu ao altar no final do terceiro filme, O Bebê de Bridget Jones, feito a partir de um roteiro original. 

Em Bridget Jones – Louca pelo Garoto a encontramos 14 depois, viúva e com dois filhos pequenos. Darcy, um advogado especializado em direitos humanos, morreu no Sudão há 4 anos. A protagonista cria os filhos sozinha, com ajuda de amigos, como sua antiga paixão, o mulherengo Daniel Cleaver (Hugh Grant), que não morreu num acidente de avião como anunciado no começo do terceiro filme. 

Com a direção de Michael Morris (primeiro homem a dirigir um filme da série), o novo longa começa com a protagonista ainda deprimida, encontrando-se com amigos e amigas num ritual anual de celebrar o aniversário de Darcy. Mas, conforme insiste uma amiga, está na hora de encontrar um novo amor, e uma amiga a inscreve num app de namoro. Mas é num parque que ela conhece Roxter (Leo Woodall), o garoto do título, por quem se apaixona e é correspondida. Ao mesmo tempo, conhece um novo professor de ciências, Wallaker (Chiwetel Ejiofor), com quem Bridget também troca olhares e parecem sair algumas faíscas. 

Como em todos os outros filmes da série, o problema (ou graça, dependendo do prisma por onde se olha) está nessa obsessão ultrapassada de Bridget de querer um homem para chamar de seu, e isso nem quer dizer apenas um namoro, mas casamento mesmo. Se já no começo dos anos 2000, com o primeiro filme, soava um tanto démodé, agora é ultrapassado mesmo. Como uma mulher bem-sucedida profissionalmente, excelente mãe e competente precisa de um homem para aprovar tudo o que faz? 

A obsessão com o consumismo e as calorias, realmente, pode retratar uma parcela de mulheres que cresceram nos anos de 1980 e chegaram à vida adulta nas décadas seguintes. Na maneira como a personagem foi construída em suas origens, narrativamente, a morte de Darcy seria inevitável, pois sua trajetória sempre se resume à procura por um homem. O suposto empoderamento dela sempre é minado pela espera de um telefonema ou que seu homem toque a campainha. 

Se esse é, como se proclama, o último filme da série, o destino de Bridget é particularmente cruel e conservador. Para uma mulher que quer ser tão liberal e, supostamente, progressista – sem papas na língua, nos copos ou no cigarro –, a conclusão da personagem é uma tragédia. 

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