Por mais que digam o contrário, Better Man - A História de Robbie Williams é um filme para os fãs do cantor. Embora a direção de Michael Gracey busque sempre um sentido de espetáculo, essa é uma produção para quem souber cantar as músicas quando aparecem na tela.
O primeiro estranhamento acontece logo de cara: Williams é “interpretado” por um macaco. A explicação é que ele diz se sentir como um primata sempre que sobe ao palco para entreter seu público. Bem, a ideia é levada ao pé da letra aqui. Em todo o caso, os demais personagens são feitos humanos. Fora essa primeira impressão, o macaco não faz a menor diferença na tela, a bem da verdade.
A história do cantor começa com ele ainda criança sendo zombado pelos colegas – não por ser um macaco, diga-se. Em casa, vive com um pai com mania de grandeza. E, mesmo ficando fora da tela por bastante tempo, percebe-se que o filme é sobre as questões do protagonista com esse homem, Peter (Steve Pemberton), que o fazia imitar Frank Sinatra cantando My Way sempre que o viam na televisão.
Não custa muito, e esse pai vai embora, deixando para trás o filho, a mãe do garoto, Janet (Kate Mulvany) e sua própria mãe, Betty (Alison Steadman). Ele é um pai claramente negligente, que é alçado ao posto de herói nessa cinebiografia que parece exaltar a masculinidade tóxica desse homem e do próprio Robbie, cuja mãe, que cuidou dele a vida toda, assume uma posição bem coadjuvante no filme.
O que se segue no roteiro de Simon Gleeson, Oliver Cole e Michael Gracey é a velha história da caminhada rumo à fama, com altos e baixos, drogas, brigas, relacionamentos abusivos – com a cantora Nicolle Appleton (Raechelle Banno), da banda All Saints – e rivalidade, em especial com a banda Oasis, na figura de Liam Gallagher (Leo Harvey-Elledge), que mais tarde se casou com Nicolle, depois do conturbado relacionamento dela com Robbie.
Ao percorrer a carreira do cantor, o filme tem a chance de colocar em cenas diversos números musicais ilustrando suas canções - nada de novo, nem de muito inspirado, na verdade. E, seguindo a cartilha da biografia musicada rumo ao estrelato, Better Man - A História de Robbie Williams mostra no fundo, talvez sem querer, que, citando um outro cantor e compositor, agora o brasileiro Caetano Veloso: “Narciso acha feio o que não é espelho”.
