A questão racial brasileira na perspectiva do pensamento antirracista e decolonial é foco da série “Coleção Antirracista”, que será exibida no CineBrasilTV a partir de 14 de julho. A multiplataforma disponibiliza a programação linear de forma online, pelo https://cinebrasilja.com/, e também pode ser acessada pelo APP CINEBRASiLJá, sua plataforma de streaming, disponível também através da App Store e Pay Store para as versões Android e iOS.
Com curadoria e direção de Val Gomes e realizada pela produtora Olhar Imaginário, com apoio do Instituto Unibanco e da Spcine, a série é composta por oito documentários curtos (entre 11 e 14 minutos de duração) e tem como público-alvo pessoas, instituições e empresas com interesse em combater o racismo e investir em ações inclusivas e antirracistas.
A série conta com consultoria do historiador Bruno Garcia e equipe de criação e produção extensivamente negra. Formatados para dialogar com público adolescente, jovem e adulto, os episódios são curtos, dinâmicos e fazem uma reflexão crítica sobre o impacto do colonialismo até os dias de hoje. Animações gráficas trazem leveza à linguagem da obra, ao lado de imagens de arquivo, narração feminina, depoimentos de importantes intelectuais negros e música afrobrasileira contemporânea. Além de fotografias e iconografias, são utilizados também filmes brasileiros de diretores renomados e da produção recente de diretores negros.
Da mesma forma, a série inclui depoimentos da psicóloga Cida Bento, uma das 50 personalidades mais influentes do mundo de acordo com a revista Forbes; da filósofa Sueli Carneiro, a principal intelectual da epistemologia afrobrasileira; da arquiteta Joice Berth, autora do livro “O que é empoderamento?”; de Cidinha da Silva, escritora com 17 livros publicados; do historiador e multi-artista Salloma Salomão; do encenador e filósofo José Fernando de Azevedo, diretor da EAD–USP; da psicóloga e pesquisadora racial da UFSC, Lia Vainer Schucman; da publicitária e ativista Neon Cunha, a primeira pessoa trans a denunciar as violências de gênero na OEA ; da artista visual Rosana Paulino, a primeira mulher negra ter uma exposição exclusiva na Pinacoteca (SP); e do tenente-coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo Adilson Paes de Souza, doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da USP.
Os episódios apresentam figuras negras históricas ainda pouco conhecidas, que atuaram nas mais diversas áreas do conhecimento. Outra camada dos vídeos é a trilha sonora, que teve sua pesquisa baseada no encontro de sonoridades negras tradicionais com desdobramentos em ritmos modernos que trazem uma textualidade original aos episódios.
Os episódios
#1 - O Mito da Democracia Racial (10’52”)
Durante o século 20, a “democracia racial” criou a ideia da harmonia entre as raças no país, mas na realidade ela nunca existiu. Vamos conhecer a construção do pensamento da elite do século passado que investiu na imigração e no branqueamento da população, omitindo a contribuição do homem e da mulher negra na formação do Brasil.
Entrevistados: Cida Bento, Lia Schucman, Salloma Salomão e Sueli Carneiro
#2 - Do Navio Negreiro à Abolição (13’38’’)
Do primeiro navio negreiro à assinatura da Lei Áurea, o Brasil viveu 350 anos de escravidão, uma história de caminhos tortos e mal contados. Vamos mergulhar nos bastidores da história, resgatar a resistência do povo afro-brasileiro e conhecer o legado colonial ainda presente nos dias de hoje.
Entrevistados: Salloma Salomão e Sueli Carneiro
#3 - Cota Não É Esmola (12’17”)
Em 1854, quando os negros foram proibidos de estudar, o Império determinou mais um caminho de exclusão para as crianças e adolescentes afro-brasileiros, fenômeno que só seria parcialmente corrigido 180 anos depois com a lei da política de cotas que ainda provoca a ira de alguns, mesmo sendo a única oportunidade de educação para muitos. Vamos mostrar quais os percursos políticos enfrentados pela população negra até a conquista das cotas raciais.
Entrevistados: Cida Bento, Salloma Salomão e Sueli Carneiro
#4 - Raça, Trabalho e Direitos (13’00”)
No século XIX, na fundação da República, a maioria dos negros libertos exerciam trabalhos subalternos. No século XXI, a maioria das vagas nas boas escolas e faculdades privadas são preenchidas por estudantes brancos, como também os postos de comando são reservados aos brancos. Por que após 133 anos a situação do negro pouco mudou?
Entrevistados: Cida Bento e Daniel Teixeira
#5 - Urbanização Como Apartheid (12’46”)
Em 1897, os soldados que lutaram na Guerra dos Canudos se instalaram em um morro no Centro do Rio de Janeiro enquanto esperavam casas prometidas pelo governo brasileiro, que nunca vieram. As instalações passageiras se tornaram a primeira favela do Brasil, dando início ao apartheid social que permanece até hoje. Como romper o muro invisível que separa brancos e negros no espaço urbano?
Entrevistados: Joice Berth, José Fernando Peixoto e Salloma Salomão
#6 - Mulheres Negras (13’59”)
De um lado, as mulheres negras foram a mão de obra na construção da riqueza do Brasil. De outro, mulheres como Zacimba Gaba, a princesa guerreira de Angola, e Marielle Franco protagonizam a história do Brasil através do forte ativismo político e cultural. Mas será que o reconhecimento de suas trajetórias corresponde à dimensão do protagonismo por elas exercido? Quem são as mulheres que pautaram a luta antirracista no país?
Entrevistadas: Cidinha da Silva, Neon Cunha, Rosana Paulino e Sueli Carneiro
#7 - Racismo Estrutural (13’45”)
A maioria das pessoas não sabe ou nunca se deu conta do racismo encravado nas instituições e na vida familiar do brasileiro que mantém o privilégio das pessoas brancas. Como mudar isso? O episódio apresenta o funcionamento destes mecanismos permanentes de exclusão e de geração de privilégios.
Entrevistados: Adilson Paes, Cidinha da Silva, Lia Schucman, Salloma Salomão e Sueli Carneiro
#8 - Branquitude vs Antirracismo (12´29”)
A branquitude é uma identidade racial particular, construída na Europa e equivocadamente vista como universal. Qual a herança branca da escravização e do racismo? Como provocar a pessoa branca a utilizar o seu poder para democratizar as relações no ambiente da escola ou do trabalho e na construção da cidadania em nossa sociedade? Quais ações concretas que podemos ter em nosso cotidiano para transformar isso?
Entrevistadas: Cida Bento, Lia Schucman, Neon Cunha e Sueli Carneiro