14/12/2024

Festival de Brasília anuncia sua seleção em 2024

Foi anunciada hoje (6/11) a seleção dos 79 filmes que serão exibidos no próximo Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o mais antigo do Brasil, e que celebra sua 57ª edição entre 30 de novembro e 7 de dezembro.

Na abertura, Marcelo Gomes (Cinema, Aspirinas e Urubus) faz a primeira exibição de seu novíssimo longa-metragem, Criaturas da Mente, que investiga o sonho como motor da revolução humana, acompanhando o trabalho e a vida do neurocientista e escritor brasileiro Sidarta Ribeiro.  

No encerramento, Lírio Ferreira e Carolina Sá apresentam O Menino d'Olho d'Água, documentário sobre mestre do instrumental brasileiro, Hermeto Pascoal, filmado no sertão alagoano, lugar onde nasceu e de onde vem suas primeiras referências sonoras. 

Neste ano, a programação do festival será exibida em três auditórios, incluindo uma estrutura montada ao redor do Cine Brasília - que passa a chamar-se Sala de Cinema Vladimir Carvalho, homenageando o veterano e premiado cineasta, falecido em 24 de outubro. Vladimir será também objeto de outras homenagens póstumas, assim como a atriz Mallu Moraes, falecida em agosto. 

Também será homenageada com um troféu Candango em reconhecimento à sua carreira a atriz Zezé Motta, que está completando 80 anos. Haverá uma sessão especial do filme Xica da Silva, de Cacá Diegues, um de seus papéis mais marcantes.

Longas da Mostra Competitiva

O veterano Ruy Guerra de volta à competição de longas com A Fúria, a aguardada conclusão de sua trilogia política iniciada com o clássico Os Fuzis (1964) – apresentado em Brasília em mostra retrospectiva de 1975 –, seguida por A Queda (1977) – participante da Mostra Competitiva de 1978. Em A Fúria, codirigido por Luciana Mazzotti, Guerra traz Ricardo Blat no papel antes interpretado pelo saudoso Nelson Xavier, vencedor do prêmio de melhor ator daquele ano. 

Outro cineasta de volta após consagração em edição anterior do evento com filme novo é Sérgio Borges, diretor mineiro que levou o Candango de melhor longa em 2010 por O Céu Sobre os Ombros. Agora, ao lado da diretora Clarissa Campolina (de Girimunho e Canção ao Longe – exibido em 2022), ele divide a direção de Suçuarana, um drama sobre a retirante Dora em busca de trabalho e de uma terra antiga de sua mãe em uma região mineradora, até encontrar um vilarejo repleto de afeto e coletividade. 

Também de Minas Gerais, integra a competição oficial de longas a produção indígena Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá, de Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna. Trata-se de um documentário protagonizado por uma das próprias diretoras do filme, Sueli, que é arte-educadora da Aldeia Escola Floresta de Teófilo Otoni (MG). O filme relata a sua busca pelo pai, Luis Kaiowá, de quem foi separada pela ditadura militar.

Um título inédito de Brasília é o longa de estreia do diretor brasiliense Guilherme Bacalhao, Pacto da Viola, que convoca grande elenco local para contar a história de um músico sertanejo que precisa ajudar o pai doente, um capitão de folia que tem uma dívida com os santos e demônios. 

A diretora amazonense Christiane Garcia faz sua estreia em longa de ficção com Enquanto o Céu Não me Espera. Estrelado por Irandhir Santos, o filme narra a história de um agricultor que luta contra as dificuldades climáticas em um pequeno sítio afetado pelas cheias dos rios da Amazônia. 

Salomé, de Pernambuco, é o segundo longa da carreira do diretor André Antônio, que se tornou uma referência do cinema queer brasileiro contemporâneo ao integrar o coletivo Surto & Deslumbramento. Aqui ele narra a história de uma jovem modelo que se apaixona por um rapaz envolvido em uma estranha seita, que cultua a sanguinária princesa bíblica Salomé.

A Comissão de Seleção de longas da Mostra Competitiva Nacional 2024 é composta por Janaína Oliveira, Leonardo Bomfim, Luís Fernando Moura e Rafaella Rezende. Eles tiveram o desafio de assistir e selecionar entre 227 longas, os seis em competição. O júri que premiará os longas em cartaz é formado por Affonso Uchôa, Carina Bini, Heitor Augusto, Mariana Nunes e Sandra Kogut. 

O festival forma, ainda, o Júri do Prêmio Zózimo Bulbul, a conferir os troféus para os melhores filmes com temática afirmativa. O júri é montado a partir de indicações do Centro Afro Carioca de Cinema e da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro - Apan, e em 2024 é composto por Aristótelis tothi, Vitor José Pereira e Larô Gonzaga.

Mostra Competitiva - Curtas


O cinema candango conseguiu o maior espaço dentre os curtas, com três filmes na disputa: Inflamável, do diretor estreante Rafael Ribeiro Gontijo; Descamar, dirigido pelo escritor, professor e curta-metragista premiado da produtora relatar-se, Nicolau; e o novo documentário da veterana cineasta e professora de cinema Dácia Ibiapina sobre o saudoso mestre quilombola Nêgo Bispo, Confluências

De São Paulo, Javyju - Bom Dia, marca a estreia da cacica Kunha Rete, que divide a direção com Carlos Eduardo Magalhães (Palavra Cantada 3D), numa ficção científica futurista situada em uma aldeia Guarani. E, de Minas Gerais, Mãe de Ouro, de Maick Hannder, apresenta uma ficção sobre a superação do luto.

Representantes do Rio de Janeiro, Yuri Costa traz sua perspectiva afrossurrealista para uma viagem às festas black dos anos 1970 no drama E Seu Corpo é Belo, enquanto a dupla Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro apresentam o documentário Dois Nilos, que celebra o cinema negro brasileiro, com um passeio pelas memórias do cineasta Afrânio Vital.

A região Norte está representada com a nova produção do realizador e professor Antonio Fargoni, que idealizou o movimento do Cinema Instantâneo, estilo presente neste curta de ficção de Rondônia, E Assim Aprendi a Voar.

O Sul concentra duas produções. Uma de Santa Catarina, Kabuki, única animação da competição, realizada em stop motion pelo premiado quadrinista e curta-metragista Tiago Minamisawa. E a outra do Rio Grande do Sul, Chibo. Dirigido por Gabriela Poester e Henrique Lahude, o documentário investiga a travessia clandestina de mercadorias de uma família que mora na fronteira entre Brasil e Argentina.

Do Nordeste, o público poderá mergulhar nos curtas Maremoto, de Cristina Lima e Juliana Bezerra, do Rio Grande do Norte, e Mar de Dentro, de Lia Letícia, de Pernambuco. No curta potiguar, as diretoras contam a história de uma filha de pescador frustrada que assume o desafio de fazer um mergulho em alto-mar para resgatar um tesouro. Na produção pernambucana, a diretora e artista visual realiza uma performance poética permeada pela história política de Preto Sérgio, um ex-detento preso injustamente ainda menor de idade em Fernando de Noronha.

A Comissão de Seleção de Curtas elencou os 12 filmes a partir de 953 inscritos. Os trabalhos foram desenvolvidos por André Dib, Bruno Victor, Camila Macedo, Karen Black, Lorenna Montenegro e Sergio Silva. O júri da categoria é composto por Lila Foster, Mirella Façanha, Paola Malmann, Simone Zuccolotto e Thiago Costa.

 

SERVIÇO 

57º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Data: 30 de novembro a 7 de dezembro de 2024

Locais: Cine Brasília (106/107 Sul), Complexo Cultural de Planaltina, Taguatinga e Gama.

Ingressos da Mostra Competitiva Nacional a R$ 20,00 e R$ 10,00, à venda na bilheteria do Cine Brasília a partir de duas horas antes de cada sessão. Demais exibições com entrada franca.

Programação completa: festcinebrasilia.com.br

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