No dia 15 de fevereiro, completam-se 120 anos do nascimento de Nise da Silveira (1905-1999), psiquiatra alagoana que revolucionou o estudo e o atendimento a transtornos psicológicos no Brasil. Em celebração à data, amanhã (14), a Itaú Cultural Play, plataforma de streaming gratuita de cinema brasileiro, exibe Imagens do inconsciente (1986), trilogia documental de Leon Hirszman, que capta a produção artística de Carlos Pertuis, Fernando Diniz e Adelina Gomes. Os três foram internos do ateliê terapêutico que Nise comandou no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro.
O acesso à Itaú Cultural Play é gratuito, disponível em www.itauculturalplay.com.br, nas smart TVs da Samsung, LG e Apple TV, nos aplicativos para dispositivos móveis (Android e iOS) e Chromecast.
Em 1946, Nise fundou a Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação (Stor) no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, onde trabalhava. O principal objetivo da ala era estimular os clientes — como a médica chamava seus pacientes — a se expressarem a partir da arte. O tratamento conduzido por Nise, baseado na manifestação artística e no atendimento individualizado e humanizado, revolucionou a psiquiatria no país, em uma época na qual os procedimentos comuns incluíam a lobotomia, o eletrochoque e o choque insulínico.
A primeira parte da trilogia, A barca do sol acompanha Carlos Pertuis (1910-1977), que foi internado aos 29 anos, em 1939, após se deslumbrar com uma visão cósmica, chamada por ele de “Planetário de Deus”. Anos depois, ele começou a frequentar o ateliê de Nise, iniciando uma incansável e premiada trajetória como artista. O carioca chegou a criar mais de 20 mil obras, entre desenhos, pinturas e modelagens.
O documentário Em busca do espaço cotidiano, por sua vez, conta a história de Fernando Diniz (1918-1999), homem negro e pobre, vindo da Bahia e filho de costureira, também tratado por Nise a partir de 1949. Ora figurativo, ora abstrato, seu trabalho foi desenvolvido em pinturas, desenhos, tapetes e esculturas, com destaque para a representação de mandalas. Sua trajetória artística deu origem a mais de 30 mil obras.
A artista plástica fluminense Adelina Gomes (1916-1984) é a protagonista de No reino das mães. Filha de camponeses pobres, foi internada aos 21 anos, três após se revoltar contra a mãe, que não aceitava o seu casamento, e estrangular a gata da família. No ateliê, a moça, antes retraída, passou a criar desenhos, pinturas e esculturas. Flores e figuras humanas podem ser vistas em sua produção, que soma mais de 17 mil obras.