08/02/2025
Comédia dramática

Broker - Uma nova chance

Song e seu amigo Dong-soo trabalham como voluntários numa igreja que conta com um dispositivo onde mães podem deixar seus bebês indesejados. Os dois atuam num mercado clandestino de adoções, vendendo crianças para casais sem filhos. Mas, quando se apoderam de um bebê, recém-deixado, a jovem mãe reaparece.

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Habituê na competição de Cannes e vencedor de uma Palma de Ouro em 2018 por Assunto de Família, o diretor japonês Hirokazu Kore-eda ambienta na Coreia do Sul este seu drama Broker - Uma Nova Chance, em que aborda o tráfico de bebês sob uma óptica à qual não faltam nem doçura nem alguns precisos toques de humor. Além de uma discussão ética, que sempre comparece nas obras do diretor. 
 
A história começa com o abandono de um bebê pela jovem mãe, So-young (a cantora Iu), numa caixa destinada ao acolhimento numa igreja, em Busan. Logo interferem no destino desta criança, Woo-sung, dois voluntários de uma igreja, Sang (Song Kang-ho, protagonista de Parasita e vencedor do prêmio de melhor ator em Cannes 2022) e seu amigo Dong-soo (Gang Dong won), e duas policiais (Bae Doona e Lee Joo-Young), que investigam o tráfico de bebês.
 
Sang e Dong-soo levam o bebê, apagando as imagens da câmera de segurança, pois estão envolvidos no negócio clandestino da venda de bebês para casais sem filhos. Escondidas, as policiais os seguem, dispostas a dar um flagrante e prender os dois. Muitas peripécias, no entanto, interferem nestas vidas, especialmente a partir do momento em que a mãe volta para pegar o filho e descobre os dois delinquentes.
 
Logo o filme se torna um road movie, com a mãe, o bebê e os dois homens, sempre seguidos pelas policiais, procurando compradores para o bebê, numa jornada que se tornaria sinistra não fosse o foco humanista de Kore-eda sobre estas pessoas, revelando suas histórias e motivações, sem aliviar sua responsabilidade.
 
Kore-eda é um mestre nestas histórias de família, em que é capaz de conciliar uma nota emotiva e outra policial - há assassinatos ao longo do caminho - sem perder de vista a situação das crianças (uma das paradas da rota é num orfanato que tem a ver com a história pessoal de um dos personagens). 
 
Cineasta de mão cheia, Kore-eda afasta-se do papel de juiz e investe cada vez mais na investigação do perfil humano de cada uma das pessoas que atuam nesta situação - sejam os meliantes, seja a mãe que abandonou e depois voltou para o filho, sejam os casais que aceitam comprar bebês. Assim, compõe uma história cheia de nuances, a que não falta inclusive o humor, tornando o filme uma jornada bem mais agradável do que se poderia supor devido ao tema.

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